Mais do que um simples passatempo, a música (assim como a comida) é um pilar essencial na vida de quem vive fora da sua terra natal. O ato de ouvir música é uma das formas mais rápidas de viajar no tempo e se conectar com nossas raízes, lembranças e histórias. Eu, por exemplo, escuto muita música brasileira para me manter motivada e conectada com minhas origens. Além de ser apaixonada pelos sons do Brasil, também sou uma grande entusiasta da música ao vivo. Morando fora, em uma cidade de médio porte como Stuttgart, achava improvável poder unir essas duas paixões. No entanto, ao longo do tempo, percebi um aumento significativo na presença de shows de artistas brasileiros aqui na capital de Baden-Württemberg.
Para vocês terem uma ideia, já dançamos muito em um show lotado de Alceu Valença, cantamos a plenos pulmões os clássicos de Chico César na Marktplatz, como parte do importante e multicultural Forum der Kulturen. Também fomos surpreendidos pelo enérgico show de Ana Frango Elétrico – com participação de Dora Morelenbaum – no palco intimista do Merlin Kulturzentrum e sambamos até suar em uma roda de samba com Diogo Nogueira na recepção do hotel Rioca Posto 6. E isso tudo aconteceu apenas aqui em Stuttgart! Expandindo para as cidades vizinhas do estado, ainda tivemos o privilégio de assistir aos Gilsons em Karlsruhe e à maravilhosa Marisa Monte no ZMF de Freiburg.
Apesar da presença crescente de grandes nomes da música brasileira aqui no sul da Alemanha, também tenho observado um movimento local dedicado à valorização da música do Brasil. Um exemplo disso é o JazzClub Kiste, uma casa já muito querida por nós, que se tornou palco de encontros memoráveis entre músicos brasileiros e um público pequeno, mas barulhento, saudoso e sedento por música brasileira. Com uma programação farta e consistente, o clube frequentemente nos brinda com eventos como a Noite Brasileira, onde um quarteto de origens variadas, liderado pelo cantor Ramon Vieira, embala a noite com sons que nos transportam diretamente para o nosso Heimat.
De Caymmi a Dominguinhos, passando por Sergio Mendes e Hermeto Pascoal, o repertório encanta tanto brasileiros quanto alemães. Outra banda que já vimos duas vezes no palco do Kiste foi a Caramuru, um grupo vibrante que traz um som contagiante, inspirado em mestres como Lenine, Djavan e Gilberto Gil, além de apresentar composições autorais. É música que diverte, emociona e, acima de tudo, cura onde dói.
Portanto, se você é brasileiro morando em Stuttgart ou arredores e sente falta da energia da música ao vivo do Brasil, fique atento às agendas desses eventos – ou aqui no blog 😉 e no nosso insta @raphanomundo. Os shows brasileiros em Stuttgart estão crescendo e trazendo cada vez mais oportunidades pra gente matar a saudade da nossa rica cultura. Vamos curtir e prestigiar para que cada vez mais eventos do Brasil aconteçam nesse país que também chamamos de casa.