ƒ Sicília de carro em 5 dias: um roteiro gastronômico pelo melhor da ilha italiana

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Sicília de carro em 5 dias: um roteiro gastronômico pelo melhor da ilha italiana

Se você está planejando uma viagem pela Sicília, prepare-se para um destino repleto de sabores autênticos, paisagens deslumbrantes e muita história. Em junho do ano passado, aproveitamos um feriado de 5 dias para explorar um pedaço especial da Itália: essa ilha incrível no sul do país, que tem encantado viajantes do mundo todo. 

Nosso roteiro de carro pela Sicília foi uma experiência memorável. A nossa ideia por lá era basicamente aproveitar as praias, degustar a autêntica gastronomia local e apreciar a beleza exuberante dessa ilha, que ganhou ainda mais fama nos últimos anos por ter sido o cenário da segunda temporada da série White Lotus, mas que já estava em nosso radar há muito tempo. Afinal, a Sicília é o pano de fundo do clássico filme de Luc Besson, Imensidão Azul, é lar do imponente vulcão Etna e também berço de alguns dos pratos mais clássicos da cozinha italiana, além de cenário marcante de O Poderoso Chefão, um dos filmes mais emblemáticos do cinema





Fizemos uma viagem de carro de 5 dias pela ilha, tentando prestigiar um pouco de cada uma dessas riquezas naturais, culturais e gastronômicas.

Abaixo, detalhamos nosso roteiro gastronômico pela Sicília, com dicas imperdíveis para quem deseja explorar a ilha e saborear o melhor da culinária siciliana!

📍Palermo - Cefalù

Chegamos ao aeroporto de Palermo no horário programado para a retirada do carro, que já havíamos reservado antecipadamente. Recebemos um Fiat 500, que combinou perfeitamente com o cenário da Sicília. De lá, seguimos para nossa primeira parada: Spiaggia di Cefalù


Passamos algumas horas relaxando na praia e, em seguida, exploramos o charmoso centro histórico de Cefalù, localizado a poucos metros da orla. Durante o passeio, não resistimos à vitrine do Sfrigola Cefalù e experimentamos os deliciosos arancini, preparados na hora (€3 por bolinho). 

❗ Uma curiosidade: Sabia que os arancini – bolinhos de arroz fritos –, surgiram na Sicília? A origem desse prato remonta à época da dominação árabe na ilha (séculos IX a XI), quando o costume de consumir arroz temperado e açafrão foi introduzido na região. O nome "arancini" vem do italiano "arancia" (laranja), porque essas bolinhas douradas lembram pequenas laranjas. Tradicionalmente, eles são recheados com ragù (molho de carne), ervilhas e queijo, embora existam diversas variações regionais.

Por mais que desejássemos ficar mais tempo, precisávamos seguir viagem, pois ainda tínhamos que pegar a estrada até Letojanni, onde passaríamos as próximas duas noites.


📍Cefalù - Letojanni - Taormina

Letojanni foi nossa porta de entrada para a Joia da Sicília, como é conhecida Taormina. Optamos por nos hospedar nessa pequena cidade vizinha para evitar os valores exorbitantes dos hotéis em Taormina. Ficamos em um hotel pequeno, charmoso e aconchegante, com um ótimo café da manhã, a poucos passos da praia e relativamente perto do ponto dos ônibus que levam até Taormina.

Preferimos deixar o carro estacionado e explorar Taormina a pé/de ônibus, evitando assim a dificuldade de encontrar estacionamento e nos permitindo caminhar livremente sem preocupações. 


Taormina é encantadora. Suas ruas de paralelepípedos, repletas de lojas charmosas, cafés aconchegantes e vistas panorâmicas para o mar azul-turquesa e, dependendo do ângulo, para o Etna, criam uma atmosfera mágica. Caminhamos pela Corso Umberto, a principal rua da cidade, passamos pelo Duomo di Taormina e pela Piaza IX Aprile, de onde temos uma vista belíssima para o Mar Jônico. Seguimos o passeio meio sem rumo até o Jardim Público de Taormina, a fim de aplacar o calorão. Mas o que arrefeceu o calor desse início de junho na Sicília foi parar para experimentar a famosa granita com brioche, um dos cafés da manhã mais tradicionais e deliciosos da Sicília, uma combinação refrescante e irresistível, tradição siciliana.


Agora estávamos prontos para pegar o Funicular Taormina Mazzaro (€10 por pessoa, ida e volta) para ir até o nível do mar pegar uma praia na Isola Bella, cartão-postal da região siciliana. Para curtir a Spiagia di Isola Bella você pode pagar por uma espreguiçadeira nas áreas privadas, ou pode batalhar por um espacinho nas áreas livres da praia. Nós abrimos nossa canga e ficamos relaxando e mergulhando naquele mar maravilhoso. 

 
❗Uma dica: As praias aqui são de pedra e não areia, então, para seu maior conforto não esqueça os sapatinhos próprios para água.

❗ Outra dica: Não deixe seus pertences sozinhos na praia, você pode ser roubado. Roubos e furtos são comuns na Sicília

Antes de pegar o ônibus de volta a Letojanni fizemos um lanchinho na StritFUD, uma lanchonete que vende umas delícias rápidas da cozinha siciliana.

📍 Taormina - Ragusa - Agrigento - Trapani

Após um dia intenso explorando Taormina, seguimos viagem para Trapani logo após o café da manhã, fazendo algumas paradas estratégicas ao longo do caminho. No total, percorremos 460 km, passando por Ragusa e Agrigento, aproveitando as estradas sicilianas, que são, em sua maioria, boas e proporcionam belas paisagens. Ao longo do percurso, tivemos a oportunidade de apreciar uma vista incrível do Monte Etna, o vulcão mais alto da Europa e um dos mais ativos do mundo. Para nossa surpresa, pouco depois de voltarmos para casa, ele voltou a expelir cinzas e lava – uma visão que eu queria ter testemunhado de perto.

Nossa primeira parada foi em Ragusa, uma cidade encantadora que faz parte do Val di Noto, um conjunto de cidades barrocas tombadas como Patrimônio Mundial da UNESCO. Ragusa é dividida em duas partes: Ibla e Superiore, sendo que grande parte das construções foi reconstruída no estilo barroco siciliano após o devastador terremoto de 1693. Como nosso tempo era limitado, exploramos principalmente Ragusa Ibla, caminhando por suas ruelas charmosas. O calor intenso nos impediu de ver tudo o que gostaríamos, mas conseguimos visitar a imponente Duomo di San Giorgio e o agradável e arborizado Giardino Ibleo


A gastronomia local de Ragusa nos surpreendeu, especialmente pelos seus famosos queijos. Escolhemos almoçar em um restaurante especializado na tradicional ricota quente, o Risìu, e foi uma escolha certeira! Optamos por um prato de degustação, que incluía a famosa Ricotta Calda, além de outros queijos locais e iguarias típicas, tudo acompanhado por uma taça de vinho branco gelado e pão artesanal. Para a sobremesa, provamos duas delícias feitas com queijo: tiramisù e cannoli. E posso dizer com segurança: foi o melhor cannolo que já experimentei! 


❗ Uma curiosidade: você sabia que o cannoli, um dos símbolos da culinária siciliana, tem origem árabe? Durante a dominação muçulmana da Sicília (séculos IX a XI), os árabes introduziram na ilha o hábito de adoçar a ricota e combinar sabores doces e aromáticos, o que deu origem a essa sobremesa emblemática da Sicília.

Depois de uma boa refeição e descanso, seguimos viagem rumo a Agrigento. O plano era parar em algumas praias pelo caminho, mas, após ler relatos de turistas sobre roubos e furtos de carros na Sicília, decidimos tomar precauções. Como estávamos com as malas e todos os nossos pertences no carro, optamos por fazer uma parada em um ponto turístico oficial, que achamos mais seguro para minimizar as chances de sermos roubados. Escolhemos o Sítio Arqueológico de Agrigento, no Parco Valle dei Templi (€17 por pessoa). 


O Parco Valle dei Templi é uma imensa área arqueológica que preserva os vestígios da antiga cidade de Akragas, fundada por colonos gregos no século VI a.C. Além das ruínas impressionantes, o parque abriga templos como o Tempio della Concordia, o Tempio di Ercole e o Tempio di Giunone. A visita também proporciona uma vista deslumbrante para o mar e para a planície ao redor, tornando o passeio ainda mais memorável. Nossa visita durou cerca de uma hora e meia, mas é possível passar muito mais tempo, pois há bastante para ver e explorar no local.

Aqui nesse post eu conto que tivemos nosso tablet furtado no estacionamento desse ponto turístico italiano, um dos mais visitados da Sicília.

Continuamos nossa viagem até Trapani, onde, para nossa surpresa, descobrimos que havíamos sido furtados. Apesar do ocorrido, mantivemos a programação e fomos comemorar o aniversário do meu companheiro de aventuras com um jantar especial. Escolhi um restaurante bem recomendado no centro histórico de Trapani, a Trattoria da Salvatore, para provar uma das especialidades locais e da cozinha siciliana: o Couscous Siciliano. Prato que tem raízes na presença árabe na região e é preparado com peixe ao molho, uma combinação deliciosa e bem tradicional. 

Além do couscous, experimentamos o trio de bruschettas, o tartar de camarão com burrata e o saboroso spaghetone apimentado com camarões vermelhos. Para a sobremesa, escolhemos a clássica Cassata Siciliana, um verdadeiro banquete siciliano. 



Voltamos para nossa hospedagem mais cedo, pois no dia seguinte havíamos agendado um passeio de barco que partia bem cedo.

Trapani é um excelente ponto de partida para passeios de barco por algumas das águas mais deslumbrantes da Sicília. No entanto, para vivenciar os tons mais incríveis do mar Jônico, é preciso torcer para o clima colaborar. Como ainda não estávamos no auge do verão, tivemos algumas aberturas de sol, mas não o suficiente para aquele “fator UAU” nas águas cristalinas.

O passeio foi muito agradável, com duração de 8 horas e realizado em um barco seguro. Durante o trajeto, fizemos paradas em Favignana e na charmosa Levanzo, onde tivemos a oportunidade de tomar um café, degustar croissants e nos refrescar com granitas. A bordo, o almoço foi surpreendentemente bom, no cardápio uma massa bem servida com o delicioso pesto trapanese, vinho e melancia fresca de sobremesa. 



Aproveitamos que o passeio de barco terminava próximo ao centro histórico de Trapani para conhecer o Sapurito Street Food & Goloserie, uma casa especializada em apresentar a cozinha siciliana de forma descomplicada e autêntica. O cardápio oferecia diversas delícias locais, e não perdemos a chance de provar algumas delas.

Pedimos camarão fritopolpo & panelle e seguimos a sugestão do dia para experimentar mais um Couscous Siciliano. Tudo estava saboroso, e o melhor: por um preço acessível. Um verdadeiro achado para quem busca comida típica da Sicília sem gastar muito!


O que é Panelle? Para quem não conhece, panelle é um dos petiscos mais icônicos da Sicília. Trata-se de uma fritura crocante feita com farinha de grão-de-bico, água, sal e salsinha. A massa é cortada em retângulos ou losangos antes de ser frita em óleo quente. O uso da farinha de grão-de-bico na receita reforça a influência árabe na culinária siciliana, que se faz presente em diversos pratos típicos da região.


📍 Trappani - Palermo

Na manhã seguinte, deixamos Trapani rumo a Palermo, a vibrante capital da Sicília. E lá, já tínhamos um destino certo: a Spiaggia di Mondello. Escolhemos um cantinho na área pública da praia, estendemos nossa canga na areia e aproveitamos o mar calmo e cristalino, que mais parecia uma imensa piscina natural bem à nossa frente.

Palermo oferece uma infinidade de pontos turísticos históricos, e até cogitamos explorar alguns, mas a vontade de curtir o mar e o dia de sol falou mais alto, então deixamos a turistada para uma próxima vez.



Depois de um dia relaxante na Spiaggia di Mondello, caminhamos pela orla e escolhemos o DaNino para almoçar. O restaurante, simples e acolhedor, serve pratos gostosos e bem servidos. Começamos com uma deliciosa mozzarella frita de entrada e, em seguida, pedimos duas massas que fecharam nossa viagem com chave de ouro.

Mesmo com alguns contratempos ao longo do caminho, viajar de carro pela Sicília foi uma experiência inesquecível. Entre paisagens impressionantes, cidades cheias de história e um mar absurdo de lindo, foi a gastronomia siciliana que, sem dúvida, deu um toque especial à jornada. Cada refeição foi uma descoberta e um verdadeiro mergulho na cultura dessa região muito particular da Itália. Voltamos para casa com deliciosas lembranças desses cinco dias – e isso, ninguém pode roubar da gente!


Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

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