ƒ Como é fazer um Safári na África?

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Como é fazer um Safári na África?

Acabamos de voltar das nossas férias pela Tanzânia, onde o grande objetivo foi realizar um sonho antigo: fazer um safári e riscar essa experiência da nossa lista de desejos de viagem. Planejar um safári, como vocês podem imaginar, envolve muita pesquisa, e a gente mergulhou fundo nisso antes de colocar o pé na estrada. Agora, com tudo que vivemos por lá, quero compartilhar com vocês as respostas que encontramos nessas buscas e, claro, tudo que aprendemos ao longo da viagem.

A quantidade de dúvidas e curiosidades acerca do tema é enorme, e eu sei que quem está planejando um safári pode estar passando pelos mesmos questionamentos também. Então, resolvi listar as principais perguntas que surgiram para a gente — e que, com certeza, vão ajudar quem também está considerando embarcar nessa aventura maravilhosa pelo continente africano. 


❓Qual o melhor país para fazer um safári na África?

Nós escolhemos o norte da Tanzânia porque a ideia era combinar o safári com uma estada na praia, em Zanzibar, depois. Visitamos ao todo 4 Parques Nacionais (Serengeti, Lake Manyara, Tarangire e o Ngorongoro Crater). Mas, dependendo do seu objetivo e das conexões aéreas a partir de onde você mora, outros países e parques podem ser mais acessíveis. O que posso dizer é que voltamos para casa muito satisfeitos com nossa escolha.


Qual é a melhor época do ano para fazer um safári na África?

A alta temporada de safáris geralmente ocorre na estação seca/dry season (junho a outubro), quando a vegetação é mais escassa e os animais se concentram perto das fontes de água. 


Mas se você quiser ver a Great Migration, o imenso rebanho de cerca de 1,2 milhões de gnus e 300.000 zebras, juntamente com topi e outras gazelas, movendo-se pelo ecossistema Serengeti-Mara em busca de grama e água nutritivas, fazendo a maior migração de mamíferos da Terra, é preciso visitar o Serengeti entre julho e novembro. 

 

É melhor fazer um safári independente ou preciso contratar uma agência?

Eu não acho que seja possível fazer um safári pela África de forma totalmente independente, pelo menos não por onde passamos. A gente começou procurando por agências que tinham boas avaliações, depois, dentre essas, as que ofereciam pacotes para os parques que a gente queria visitar por um valor aceitável – tenha em mente que um safári não é barato –, dentro do período que tínhamos disponível. Como não foi fácil encontrar e não é uma publicidade, se quiser saber qual agência contratamos, pergunta nos comentários.

Quantos dias são ideais para um safári?

Nós fechamos um pacote de 6 dias e 5 noites em grupo compartilhado com hospedagens on a budget / mais simples, que ficou dividido da seguinte forma:

Dia 1 - partida de Arusha para o Serengeti (5 a 6 horas de carro) / Almoço no Serengeti e Game Drive (observação de vida selvagem em um carro off-road) à tarde. Pernoite no acampamento.

Dia 2 - Game Drive pela manhã e à tarde no Serengeti e pernoite no acampamento.

Dia 3 - Game Drive pela manhã e estrada após o almoço para Karatu. Pernoite no hotel em Karatu. 


Dia 4 - Game Drive pela manhã e à tarde no Ngorongoro Crater. Pernoite no Lodge em Mto Wa Mbu.

Dia 5 - Game Drive no Lake Manyara até o meio da tade. Pernoite no Lodge em Mto Wa Mbu.

Dia 6 - Game Drive no Tarangire até o meio da tarde, retorno para Arusha.

Ao todo, foi necessário além dos 6 dias do pacote, outros dois, um antes e outro depois, para termos folga caso houvesse algum contratempo na viagem até a Tanzânia. Tem ofertas de safáris mais curtos, bem como, mais longos. Acho que nesse tempo fizemos algo bem completo, vimos todos os bichos mais de uma vez, em diversos cenários. Não fica monótono!

Quanto custa um safári na África?

Esse pacote tinha quase tudo incluso: hospedagem em hotéis simples, refeições, água durante todo o safári, passeios, entradas dos parques, guia, carro apropriado… Mas nós tivemos que adicionar ao pacote os transfers do e para o aeroporto Kilimanjaro, uma noite extra na chegada e outra no final do safári. Tudo, em um grupo compartilhado, custou US$ 1.860,00 por pessoa. Leve em consideração as gorjetas também, pois em todo lugar é esperado que o turista deixe uma tip. Nós deixamos 100 euros de gorjeta para o guia/motorista porque a agência sugere um valor de 10 euros ou dólares por pessoa por dia de Safári. Além de darmos gorjetas nas hospedagens, nos táxis... é o costume local. 



Quais animais eu posso ver em um safári na África?

Nossa, foram MUITOS os bichos que avistamos durante nosso safári pelo norte da Tanzânia.

A gente viaja com alguns animais em mente, claro. Esperamos ansiosamente para ver zebras, elefantes, girafas, leões e vimos todos eles! E mais rápido do que imaginamos, já que a nossa primeira parada foi no Serengeti. 


Muitos parques usam os BIG FIVE como chamariz. E, na verdade, a gente nem sabia ao certo quais eram os cinco maiores, descobrimos pesquisando pelo caminho. Leão, Leopardo, Rinoceronte, Elefante e Búfalo, esse é o bingo que você vai marcar na sua cartela do safári. Em 3 dias de Game Drive a gente tinha visto todos eles, alguns mais de uma vez. Mas vimos muitos outros, pequenos répteis, aves exuberantes, macacos de perder a conta, hipopótamos aos montes, hienas, chacais, para dizer alguns. 


É seguro fazer um safári na África?

Se a pergunta é motivada pela proximidade com os bichos, eu diria que seguindo as recomendações passadas pela agência/guia, não há porque ter medo. Os animais estão em seu habitat, alimentados, vivendo a rotina deles, certamente acostumados ao movimento dos carros. Pasmem, um casal de leões foi pra junto do nosso jipe aproveitar a sombra. Não me senti insegura em momento algum. Aliás, durante o safári eu me senti em um zoológico ao contrário, onde a gente tava enjaulado (dentro do carro) e os bichos estavam livres. É uma experiência bem curiosa, pra dizer o mínimo. 

  
❓Pode levar criança para um safári?

Que pode, pode. Mas, com menos de uns 10 anos, eu não levaria. Lembre-se: você vai ficar muito tempo dentro de um carro que não necessariamente é confortável, percorrendo muitos quilômetros. Apesar das rodovias da Tanzânia estarem em ótimo estado, as estradas dentro dos parques são de barro, super irregulares, fazendo o 4x4 chacoalhar bastante. Eles até brincam chamando a viagem de African Massage. Tudo isso com acesso escasso a banheiros, por exemplo. Pelo menos foi assim nos parques por onde passamos. 

Não sei se procurando por uma agência especializada em viagens com crianças, as opções de roteiros ofertados sejam mais tranquilas. O nosso foi bem puxado e não muito confortável, por isso, com base nessa experiência, eu não levaria uma criança pequena junto. Nem ninguém com dificuldade de locomoção, mobilidade reduzida, problemas de coluna… 

 
Precisou de vacina para fazer um safári na África?

Antes de fazer essa viagem para a Tanzânia nós nos consultamos com a nossa médica da família aqui na Alemanha, compartilhamos nosso plano de viagem e, como já somos vacinados contra a Febre Amarela, ela apenas sugeriu que tomássemos a vacina contra a Cólera. Aproveitamos para perguntar sobre a profilaxia contra a Malária, já que havíamos lido que alguns viajantes tomavam remédio antes mesmo de embarcar. Ela disse para não fazermos isso, mas prescreveu um remédio para levarmos conosco e, CASO APRESENTÁSSEMOS SINTOMAS duas semanas após o fim da nossa perna da viagem na África, deveríamos tomar. Não foi necessário. 


No desembarque no aeroporto Kilimanjaro o certificado de vacinação contra Febre Amarela foi o primeiro documento checado. Antigamente, no Brasil, era preciso reforçar a vacina a cada 10 anos e o nosso certificado é esse, desatualizado. Hoje, a vacina é vitalícia. Por isso, nos foi sugerido, de forma muito simpática, que a gente atualizasse o certificado. O que vamos fazer na nossa próxima ida ao Brasil.


Como funcionam os guias e veículos de safári?

Normalmente, os carros próprios para Safári são robustas Toyota Land Cruises 4x4, com espaço para 8 pessoas, contando com o motorista, que também faz as vezes de guia. Esses veículos têm teto que pode ser aberto (certifique-se de que está reservando um passeio com carro desse modelo), as janelas são bem grandes, há um espaço razoável para circulação. Dividimos o nosso apenas com outro casal e ficou bem confortável em termos de espaço.

Em tese, os carros também têm portas USB, cooler para bebidas geladas, binóculos… o nosso era bem surrado e, fora os binóculos, não tinha nada extra. Também vimos passeios em carros fechados, sem o teto que abre, em veículos completamente abertos, em ônibus modificados para o terreno, caminhões. Uma gama de possibilidades. 

 
O nosso guia, que também era o motorista, parecia conhecer bastante da região. Sabia de todos os bichos, carregava um livro onde mostrava pra gente um pouco mais sobre cada animal avistado. Ao longo dos 6 dias, vimos outros guias mais investidos, mais dispostos, interagindo mais animados com os turistas. Alguém pode dizer que eles se investiam pensando na gorjeta… mas se fosse isso, todos se comportariam da mesma forma, e, pelo que vi, não é bem assim. Se passa muito tempo junto, refeições são feitas juntos, no nosso caso, por vezes, as três refeições do dia foram feitas com o guia junto. É uma convivência intensa e efêmeraao mesmo tempo, uma loteria eu diria. Mas no seu entorno é tudo tão bonito e grandioso, que é indiferente se o guia tá afim ou não de fazer um bom trabalho.

❓Como é a experiência de hospedagem em um safári?

Leia aqui nesse link sobre as nossas hospedagens durante o Safári pelo norte da Tanzânia. 

❓O que levar na mala para um safári na África? 

Minha ideia também é fazer uma publicação mais detalhada sobre essa pergunta, para ajudá-los a fazer uma mala eficiente para essa viagem de aventura. Em breve, estará no ar. 


Como vocês podem ver, a viagem exigiu um bom planejamento, mas recompensou com cenas que ficarão gravadas para sempre na memória. Permitam-me cair no lugar comum dos textos de viagem e dizer que fazer um safári na África foi uma experiência verdadeiramente transformadora, repleta de aventuras e momentos de conexão com a natureza. Algumas pessoas podem pensar em monotonia, mas cada dia trouxe uma nova descoberta, uma reflexão. Foi incrível observar de perto animais que só vimos em documentários e programas de tv, ou infelizmente, em zoológicos, sentir os cheiros, mesmos os menos agradáveis, ouvir os barulhos, dormir numa tenda no meio do nada, explorar a cratera de um vulcão, ver filhotes, a natureza em estado bruto.


Para quem deseja embarcar nessa experiência, minha dica é: vá de coração e mente abertos. Safári em Suaíli, língua oficial da Tanzânia, significa, literalmente, viagem/jornada, mas eu acredito que um safári é mais do que uma viagem. É uma oportunidade única de ver com nossos próprios olhos como a natureza do nosso planeta é grandiosa e como a gente deveria fazer muito mais para protegê-la.

Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

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