Como disse na resenha do hostel publicada anteriormente, dedicamos dois dias da nossa viagem por Israel, Palestina e Jordânia, a Amã. A capital e maior cidade da Jordânia, de cara nos surpreendeu tanto pelas suas ladeiras íngremes, quanto pelos seus coloridos murais de street art, que conferem um toque der cor à metrópole, também conhecida como white city (cidade branca). Tentamos usufruir ao máximo da nossa passagem por lá, claro, levando em consideração nossa disposição de reta final de viagem e o calorão que pode ser castigante no meio do dia no Oriente Médio. A seguir, compartilho aqui com vocês um roteiro das nossas 48 horas em Amã, Jordânia.
Food tour: porque a cozinha é a melhor parte da casa
Começamos nossa incursão pela capital jordaniana por onde eu mais gosto: pela cozinha. Nosso primeiro compromisso em Amã foi nos juntar a um food tour. Enquanto íamos ouvindo um pouco da história e algumas curiosidades da região, passamos por mercados, lojas de especiarias, padaria, lojas de suco, sorveteria, sempre provando um pouco de cada coisa que nos era apresentada. O pontapé inicial do tour foi no café mais antigo de Amã, começamos bem.
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| Feiras e mercados não podem ficar de fora de um roteiro por Amã |
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| Vocês já viram um grão-de-bico sem ser seco? Eu vi pela primeira vez nessa viagem à Jordânia |
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| Descobri que sementes de melancia tostadas e salgadas dão um ótimo petisquinho |
Nesse passeio descobri que a semente da melancia pode ser tostada e consumida como um snack, também vi pela primeira vez um grão de bico in natura, verdinho, ainda dentro da vagem. Todo o passeio foi uma delícia, mais por encher a vista do que a barriga, sendo bem sincera. Mas como sou uma fã de mercados e afins, acho que vale demais passear por entre barracas, sentindo o perfume dos temperos e especiarias, vendo a enorme diversidade de produtos frescos, além de testemunhar o dia a dia nu e cru daquele lugar. Ao fim do passeio, o calor foi apertando, então resolvemos voltar para o hostel e esperar pelo menos um tempo até o calor ceder.
Paredes que falam, a surpreendente street art de Amã
Durante o food tour fui observando que Amã tem alguns murais interessantes em alguns prédios, então fui atrás de saber mais sobre a cena de arte de rua, já que uma cidade com prédios predominantemente brancos/beges, é um possível parque de diversões para grafiteiros. Dito e feito, a white city – Amã é chamada assim porque as fachadas de prédios e casas, por exigência de uma lei municipal, têm que ser pintados de cal –, tem uma presença fortíssima do graffiti.
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| Murais impressionantes colorem as paredes brancas de Amã |
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| Caçar Street Art na capital da Jordânia foi uma grata surpresa |
Eu não sei se esses trabalhos vão de encontro à lei ou se alguns deles ganham uma permissão especial, mas sei que a cidade fica mais bonita e interessante com esses desenhos que saltam aos olhos até do menos atento turista. Os propósitos das artes são os mais variados, muitas são essencialmente questionadoras e provocadoras, outras simplesmente trazem cor e voz às paredes da cidade. Só ao terminar a viagem eu descobri existir um tour dedicado à arte de rua de Amã. Então, se você é um apreciador desse tipo de intervenção artística, é bom saber que a capital da Jordânia tem uma cena em franca expansão com grafites de excelente qualidade e magnitude.
Por falar em cor… que tal passear pela Rainbow Street?
Mais acostumados com o calor e com fome, aproveitamos a temperatura "amena” da tarde para turistar na Rainbow Street. A mais famosa rua de Amã é conhecida pelo seu forte comércio, são cafés, shisha lounges, lanchonetes, restaurantes e lojas dos mais variados segmentos. Acho difícil algum turista estar na cidade e não dar pelo menos uma passadinha por essa rua tão emblemática. Nós, inclusive, aproveitamos uma dica do hostel e fizemos uma belíssima refeição, digna de rei e rainha, no arborizado jardim do Mijana.
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| A Rainbow Street é um dos lugares a se visitar quando estiver na capital da Jordânia |
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| Me deliciando com as entradas frias e frescas do Restaurante Mijana em Amã |
Comemos pão quentinho, mutabbal, tabbouleh fresquíssimos e suco de limão com hortelã de entrada, e como prato principal, provamos o típico prato jordaniano Mansaf Bil Laham, um bem servido arroz com cordeiro que desmanchava na boca e um molho de iogurte incrível que coroa tudo. O banquete foi tamanho que não houve espaço para sobremesa e só nos restou caminhar sem rumo pelos arredores da Rainbow Street. Uma curiosidade: O nome da rua não tem nada a ver com o colorido do lugar, é em homenagem ao Rainbow Theater, um cinema famoso nos anos 70 e que posteriormente foi demolido.
Os vestígios do Império Romano estão no melhor lugar para ver o pôr do sol em Amã
Seguimos as recomendações e guardamos a visita à Citadel de Amã para o final da tarde, assim mataríamos dois coelhos com uma cajadada só: visitaríamos esse ponto turístico famoso e veríamos o pôr do sol do alto da montanha. Como disse na abertura desse texto, Amã é super montanhosa, então nosso deslocamento pela cidade foi todo feito usando transporte por aplicativo. E foi assim que chegamos à cidadela, na maior montanha de Amã, a 850 metros acima do nível do mar. A área é protegida por uma muralha que tem cerca de 1.700 metros de extensão que guarda remanescentes do Período Romano, entre outras heranças e vestígios. Para entrar, estrangeiro paga JOD 3 (cerca de 21 reais na cotação de hoje), mas como a gente tinha comprado o Jordan Pass, a entrada na citadel estava contemplada no passe. Tem muito o que se ver lá dentro e sugiro que, se você tem interesse pela história, faça a visita acompanhado de um guia para que ela seja ainda mais rica.
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| Pôr do Sol e as ruínas do Templo Romano de Hércules |
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| Visitantes na Citadela de Amã |
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| A vista a partir da Citadela de Amã é impressionante |
O cartão-postal da Citadel de Amã, sem dúvida são os pilares do Templo Romano de Hércules, construído durante o reinado do Imperador Marco Aurélio (161 - 180 d.C). No mais, você vai se deslumbrar com a vista da cidade e de sua imensidão de prédios brancos e beges, vai contar os minaretes das mesquitas, além de avistar nos pés da montanha o Teatro Romano.
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| O Teatro Romano visto a partir da Citadel de Amã |
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| Hoje o Teatro Romano é parte do lazer de Amã |
Construído em homenagem ao imperador Antonino Pio (138 - 161 d.C), o Teatro Romano tem capacidade para acomodar até 6.000 espectadores e foi projetado de forma a proteger o público do sol. As salas que ficam atrás da construção hoje abrigam o Museu da Tradição Popular da Jordânia, de um lado, e o Museu do Folclore da Jordânia do outro. O teatro atualmente é usado como local para atividades culturais como a Feira Internacional do Livro de Amã e a cerimônia de premiação da Maratona de Amã, além de concertos musicais, mais notadamente o Festival de Música Al-Balad, que tem como objetivo promover a participação musical do mundo árabe na capital da Jordânia. A entrada para estrangeiros custa JOD 2, mas também está incluída no Jordan Pass.
Imensidão azul no meio da cidade branca
Se a magnitude do Teatro Romano impressiona, a Mesquita do Rei Abdullah I (também conhecida como Mesquita Azul) também não vai deixar a desejar. Construída entre 1982 e 1989, esse enorme prédio coroado por uma belíssima cúpula azul. Ao longe, ela chama atenção pela suntuosidade arquitetônica, mas de perto, ela impressiona pelos tons de azul e riqueza de detalhes. Essa mesquita tem capacidade de abrigar até 3.000 muçulmanos e, pelo que pude apurar, essa é a única em Amã onde visitantes não-muçulmanos são permitidos. Mas para visitá-la é preciso seguir uma conduta respeitosa: mulheres precisam cobrir cabeça, braços e pernas – abayas são cedidas para a visitação – e homens têm que estar de calça, bem como todos precisam retirar os sapatos para entrar no recinto. Visitantes pagam JOD 3 para entrar. Ao lado encontram-se o Museu Islâmico e uma lojinha de souvenires, caso você queria garantir uma lembrancinha.
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| A impressionante cúpula da Mesquita Azul de Amã vista de perto |
Com disposição e sem pausa para descansar você consegue condensar esses passeios em um dia em Amã, mas vai ser um dia cheio. Eu sugiro que sejam pelo menos 36 ou 48 horas na capital da Jordânia para você cobrir esses pontos com certa calma, quem sabe incluir um museu como o Jordan Museum nesse mix? Enfim, são muitas as possibilidades de turismo em Amã, aqui é só uma delas, com foco no que eu gosto e costumo ver/fazer numa viagem num ritmo muito particular. Por fim, Amã foi uma bela surpresa no caminho, fomos embora com a certeza de que fechamos nossa primeira viagem pelo Oriente Médio com chave de ouro.
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