São João na Alemanha

As festas juninas são muito importantes para o Nordeste. Nessa época (inverno no Brasil) se celebra as chuvas que caem sobre a região e com ela a fartura da colheita e da mesa nesse período. Quem teve a sorte de conhecer (ou vir de) uma casa no nordeste durante o período do São João provavelmente se deparou com uma mesa repleta de comidas de milho. 

Na verdade, os festejos começam a ser preparados muito antes desse dia. Explico: quem conhece um pouco da tradição nordestina sabe que o dia certo de plantar o milho para o São João é no dia do aniversário de São José, 19 de março. E, acredita-se que se nesse dia cair uma chuvinha, a safra do ano será caprichada. Minha mãe mesmo plantou esse ano e colheu algumas espigas ontem. É um ritual bonito de se acompanhar. 

As fogueiras são um símbolo do São João pelo mundo - Foto: Pixabay

Festas juninas pelo mundo 

Durante muito tempo, por falta de conhecimento – e um pouco de ingenuidade talvez –, eu pensei que a festa de São João só existia no nordeste do Brasil. Ledo engano. Há festejos bonitos mundo afora, sobretudo em Portugal, onde há a famosa Festa de São João do Porto na qual as pessoas acendem fogueiras e lançam balões que iluminam o céu do norte português, entre outras tradições. 

Aqui na Alemanha, por incrível que pareça (é, eu ainda me pego incrédula encontrando essas coisas que nos unem), também há uma tradição de acender fogueira (Johannisfeuer) e dançar ao seu redor no dia 23 de junho. O Johannistag, dia de São João em alemão, marca o fim da temporada de Aspargos e Ruibarbo e dá início à época das groselhas, que aqui se chamam Johannisbeere. 

Fazendo Canjica na Alemanha 

Morando longe do Brasil e, hoje em dia por causa da pandemia, sem previsão de retorno, faço de tudo para manter um pouco da magia das festas de São João acesas aqui em casa. Não sem antes ir até o supermercado comprar milho fresco. Fica relativamente fácil de achar milho verde aqui na Alemanha porque no verão, época dos churrascos, o alemão curte colocar um milhinho pra assar na churrasqueira. E que bom que eles têm esse costume, porque eu compro esse Zuckermais (encontro sempre no REWE já descascado e embalado em pares) e me mando pra casa para fazer a minha tradicional canjica. 

Se você quer matar um pouco dessa saudade do Brasil, desse gostinho de junho, deixo aqui a minha receita de canjica (para os nordestinos) curau (para quem vem do sul/sudeste):

Receita de canjica de milho verde

6 espigas de milho verde

200ml de leite de coco

375ml de leite de vaca

1xícara e meia de açúcar

1 colher de sopa de manteiga

1 pitada de sal 

Modo de preparo:

1- Com a ajuda de uma faca retirar o milho das espigas seguindo a referência da foto acima; 

2 - Colocar no liquidificador o leite de vaca e o milho para bater, se o aparelho não for muito potente, faça por partes;

 

3 - Pegue uma peneira e coe bem o leite e o milho batidos até o bagaço ficar o mais seco possível; 

4 - Leve essa mistura ao fogo médio baixo, se possível numa panela de fundo grosso, e comece a mexer; 

5 - Adicione o restante dos ingredientes, leite de coco, açúcar, manteiga e sal e siga mexendo; 

6 - É preciso tempo e paciência nessa etapa, não pare de mexer a panela;

7 - Você vai observar que o preparo vai engrossando aos poucos. Aqui na Alemanha o milho verde é muito novo, então ele não tem muito amido, por isso a consistência da canjica/curau vai ser bem cremosa e não de corte, como é comum no nordeste. Eu particularmente prefiro ela cremosa mesmo. Mas o segredo é: quanto mais firme você quiser, mais tempo de fogo, até o creme reduzir. Eu passei cerca de 45 minutos mexendo.

8 - Depois de pronta é só colocar em um pratinho festivo, polvilhar canela por cima e degustar enquanto ouve um forrozinho.

Viva São João!

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