O arquiteto André de Abreu (34) viajou a trabalho de São Paulo para Ilhéus-BA e, apesar da desorganização testemunhada no aeroporto de Guarulhos, o restante da viagem ocorreu com certa tranquilidade. A exemplo de Camilla Kafino, entrevistada duas semanas atrás, André também achou que a implementação do desembarque por fileiras, mais organizado, deveria continuar mesmo quando a pandemia acabar.
O arquiteto, que mesmo viajando a trabalho não deixou de fazer turismo nas suas horas livres, optou por uma hospedagem com áreas amplas e se sentiu aliviado por se deparar com um hotel praticamente vazio, reflexo da diminuição do turismo na região por conta do surto da Covid-19. Apesar de medidas oficiais de isolamento terem sido decretadas, o lockdown parece não ter sido adotado pela população, que passou a redobrar os cuidados após um filho ilustre da cidade falecer por conta da doença, como podemos ler na conversa com André.
O entrevistado da Maskpackers conversou com alguns ilheenses que revelaram que a cidade tem sentido bastante os efeitos financeiros da pandemia, já que, junto com a agricultura, o turismo tem grande importância na economia local.
Como viajou? Quais medidas você observou que foram tomadas durante o deslocamento?
André de Abreu viajando durante a pandemia Foto: Arquivo pessoal |
Onde se hospedou? Você observou cuidados especiais por causa da pandemia durante sua hospedagem? Quais?
Eu fiz a escolha do lugar baseada na proximidade do meu lugar de trabalho, mas por conta do coronavírus eu tomei cuidados extras. Assim, eu nunca fui de ficar escolhendo hotel, mas, desta vez, preferi um que me oferecesse áreas mais abertas, com menos pessoas. Acabei escolhendo o Flat no Jubiabá. Foi perfeito, estava bem vazio, tinha muitas áreas ao ar livre e ainda ficava pé na areia. Estava bem limpo, eles tomavam todos os cuidados. Ah, tinha piscina e estava liberada, mas o hotel estava muito vazio, o que foi bom para mim, porque podia respirar um pouco. Inclusive, no quesito turismo a cidade estava muito vazia, até conversei com um pessoal sobre isso, e eles falaram que a cidade tem sentido bastante, já que é basicamente a principal atividade econômica da cidade.
Andou de transporte público na cidade visitada? Como foi a experiência?
Andei apenas de táxi, mas foi tranquilo, mesmo não tendo a proteção acrílica, não me senti inseguro.
Pouco distanciamento social no Aeroporto de Guarulhos. Foto: André de Abreu |
Sim, eu sempre dou um jeito de fazer, é importante para minha profissão. Caminhei pelo centro antigo, fui na Praça da Irene para comer o Acarajé, até a Catedral e caminhei pela rua de dentro da 1ª igreja de Ilhéus. Eu gosto de conhecer as igrejas históricas. Mas, achei bem tranquilo andar pela cidade. Na verdade, em Ilhéus parecia que as pessoas usavam mais máscaras do que aqui em São Paulo. Me contaram que tiveram algumas mortes e um cantor famoso de Ilhéus morreu também, o pessoal gostava muito dele, então então eles ficaram com medo e redobraram a atenção. Mas, nunca fizeram lockdown.
Frequentou restaurantes? Observou mudanças por causa da quarentena? Quais?
Sim. Fui no Bar Vesúvio, é em uma casa antiga restaurada, algumas poucas pessoas podiam ficar dentro, e eles colocaram umas mesas na rua, na calçada para deixar o pessoal mais à vontade. Ao ar livre, sabe? Eles tinham bastante cuidado, limpavam a mesa com álcool gel a cada troca de prato, espirravam álcool nas nossas mãos e sempre estavam de máscara. Também estive em um por quilo o Sabor do Sul, a comida era bem gostosa, eu tive que colocar luva descartável para me servir, as mesas estavam separadas, ou tinham uma identificação de onde podia sentar.
André gosta de igrejas históricas. Acima a Igreja Matriz de São Jorge. Foto: André de Abreu |
Se sentiu seguro durante toda a viagem?
Sim. Achei que estava tudo certo, tudo bem. Não achei nenhum lugar que tava ruim não. Consegui fazer todas as minhas coisas tranquilamente.
Com base na sua experiência, qual dica você dá para quem está pensando em viajar durante a pandemia?
Tome todos os cuidados necessários, mas tente não ficar muito preocupado, digo o tempo todo, porque senão não vai aproveitar nada. Não dá para ver o corona, você não sabe né... Outra coisa, eu optei em levar uma fronha para usar no meu travesseiro no hotel e também uma toalha de banho minha. Mas, no geral, vai de boa, sem medo, ah, evite usar os banheiros. O do avião mesmo, eu evitei. É isso, alguns cuidados e atenção, porque apesar de às vezes parecer que está tudo bem, ainda não está. Mas, eu viajaria de novo, tranquilamente.
Sobre a Maskpackers
Observando colegas que moram no Brasil e no mundo fazendo rápidas viagens, turistando em suas próprias cidades, aproveitando curtas férias ou feriados para recarregarem as baterias a fim de aplacar os efeitos negativos do isolamento causado pelo surto da Covid-19, resolvi criar uma coluna onde entrevisto uma série de viajantes (e pessoas que de alguma forma estão envolvidas com o turismo) e chamá-la de Maskpackers – uma brincadeira em inglês com as palavras mask e backpackers, “mochileiros de máscara”.
Enquanto uma vacina não é desenvolvida, tentamos viver uma vida alternando entre o medo de se contaminar com o coronavírus e a dificuldade de se isolar. Como a máscara hoje se tornou um símbolo de quem adere às medidas de segurança, algumas pessoas passaram a viajar de um novo jeito e compartilham aqui com vocês quais são as impressões, cuidados e recomendações de quem viaja durante a pandemia.
Aviso: aproveito para deixar claro que esse projeto não é um incentivo às viagens. A pandemia não acabou. Esse trabalho tem um cunho jornalístico com o intuito de relatar experiências de pessoas que ao mesmo tempo em que estão tentando se adaptar à nova realidade, acreditam na seriedade do assunto.
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