Imagine que, em meio à pandemia, você vira avó, mas a sua neta recém-nascida mora em outro continente e agora, além da distância, é preciso vencer o surto de uma doença que assola os quatro cantos do mundo para que o encontro aconteça. A entrevistada de hoje, a Promotora de Justiça Vanessa Fusco (56), junto com a sua primeira neta, são protagonistas dessa história interessante.
Ela fez as malas, sem esquecer de colocar no nécessaire álcool em gel, máscaras e lenços umedecidos (itens de primeira necessidade nos dias de hoje) e partiu sozinha em um voo angustiante de longas 11 horas de duração de Belo Horizonte, onde vive, rumo a Liverpool, onde nasceu Lina. A apreensão se deu também pelo fato desse voo acontecer em plena pandemia do coronavírus e todo distanciamento observado até o momento do embarque na aeronave, ter ido por água abaixo uma vez que todos os passageiros estavam acomodados dentro do avião.
O que antes era normal, ter alguém desconhecido dividindo o descanso da poltrona cotovelo a cotovelo, hoje pode vir a ser um pesadelo dependendo do seu nível de preocupação. Segundo o relato de Vanessa, é quase como se aprendêssemos a viajar novamente, a compartilhar espaços, passamos a ter mais ciência e cuidado com todos os nossos movimentos a bordo.
E, como se uma dezena de horas confinada em um ambiente fechado a centenas de metros de altura não fossem o bastante, por causa da pandemia a vovó de primeira viagem precisou fazer uma quarentena ao entrar no Reino Unido, sob pena de multa que pode chegar a 10.000 libras caso seja descumprida a recomendação.
Vanessa, seguindo a diretriz de quarentena da OMS, decidiu ficar os 10 primeiros dias isolada em um hotel em Manchester. Foi preciso muita paciência, netflix, jogo de cintura e bate-papo virtuais com amigas que não a abandonaram, para que esses dias de confinamento passassem.
Todo o sacrifício, claro, valeu a pena, Vanessa e Lina já têm uma ótima e inesquecível história para a posteridade.
Vanessa e Lina: enfim, juntas. Foto: Arquivo pessoal |
Onde se hospedou?
Hotel nos primeiros 10 dias, na cidade de Manchester.
O que te levou a escolher esse tipo de hospedagem?
Observei ao reservar o hotel: os protocolos de segurança implementados, o conforto do quarto (iluminação, frigobar, aquecimento, wi-fi).
A pandemia pesou na sua escolha?
Sim, a pandemia mudou totalmente os critérios para a escolha do hotel, sendo que levei em consideração o quarto em si mesmo. Também os preços em hotéis de boas cadeias hoteleiras –estavam bem mais baratas – e consegui me hospedar em um Crowne Plaza no centro de Manchester.
Você observou cuidados especiais por causa da pandemia durante sua hospedagem? Quais ?
Sim. Observei o uso de máscara pelo staff, a distribuição de álcool em gel na recepção, ao lado dos elevadores. Também o cardápio do restaurante estava bastante reduzido – com apenas opções de sanduíches.
Contratou tours, passeios ou explorou o destino por conta própria?
Na realidade não fui a turismo, mas conhecer minha neta que nasceu em Liverpool. Entretanto, havia a possibilidade de realizar reservas online para visitar os museus da cidade, e os parques estavam abertos. Ocorre que durante minha estadia, a pandemia se agravou na cidade e região, sendo classificada como alto risco e decidi não sair de casa. Fui apenas fazer compras e lavanderia, atividades essenciais, infelizmente.
Estação Lime Street, em Liverpool, vazia - Foto: Vanessa Fusco / Arquivo pessoal |
Visitou atrações fechadas ou deu preferência aos pontos turísticos ao ar livre?
Visitei apenas no centro da cidade a região do cais do porto.
Frequentou restaurantes?
Fui a um restaurante, com reserva online, por uma vez apenas. Estava bastante vazio - tres mesas ocupadas. O staff usava máscara, havia álcool em gel disponível na entrada.
Observou mudanças por causa da quarentena? Quais?
Sim. Mesas bastante afastadas e cardápio reduzido e também o horário de funcionamento até as 20:00 horas. A região do North West da Inglaterra estava, como disse, no mais alto nível de risco de transmissão de Covid. Também registrei em um link (track and trace) meus dados de contato assim que cheguei ao restaurante, para que pudessem entrar em contato caso houvesse algum caso de COVID identificado durante minha permanencia lá.
Vanessa Fusco viajando na pandemia para conhecer a neta Lina Foto: Arquivo pessoal |
O seguro viagem não é obrigatório na Inglaterra. Entretanto, levei um certificado de meu seguro viagem de cartão de crédito. Nas 48 horas antes da viagem, há a obrigatoriedade de se preencher um Health Form – informando as autoridades de imigração seu endereço da quarentena obrigatória (informei dois endereços) e contato.
Se sentiu segura durante toda a viagem?
A sensação é bastante estranha – não me senti segura porque a todo momento os protocolos de segurança, a utilização de máscara e o apelo constante da mídia não lhe deixam esquecer que você esta correndo risco de se infectar.
Com base na sua experiência, qual dica você dá para quem está pensando em viajar durante a pandemia?
Para a Europa e Inglaterra, ADIE. As cidades estão vazias, sem turistas, os protocolos de segurança estão muito exigentes – inclusive para a entrada nos países da União Europeia, alguns deles nem estão recebendo brasileiros. Viajar para mim é um ato de prazer e com tanta insegurança não acho que valha a pena.
Sobre a Maskpackers
Observando colegas que moram no Brasil e no mundo fazendo rápidas viagens, turistando em suas próprias cidades, aproveitando rápidas férias ou feriados para recarregarem as baterias a fim de aplacar os efeitos negativos do isolamento causado pelo surto da Covid-19, resolvi criar uma coluna onde entrevisto uma série de viajantes (e pessoas que de alguma forma estão envolvidas com o turismo) e chamá-la de Maskpackers – uma brincadeira em inglês com as palavras mask e backpackers, “mochileiros de máscara”.
Enquanto uma vacina não é desenvolvida, tentamos viver uma vida alternando entre o medo de se contaminar com o coronavírus e a dificuldade de se isolar. Como a máscara hoje se tornou um símbolo de quem adere às medidas de segurança, algumas pessoas passaram a viajar de um novo jeito e compartilham aqui com vocês quais são as impressões, cuidados e recomendações de quem viaja durante a pandemia.
Aviso: aproveito para deixar claro que esse projeto não é um incentivo às viagens. A pandemia não acabou. Esse trabalho tem um cunho jornalístico com o intuito de relatar experiências de pessoas que ao mesmo tempo em que estão tentando se adaptar à nova realidade, acreditam na seriedade do assunto.
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