Cem dias após ser considerado pandemia, o surto de coronavírus continua a afetar de forma dura países como Brasil, Estados Unidos e Rússia. Não que o vírus tenha desaparecido dos demais continentes, longe disso, vemos a China ainda travar uma batalha com novos focos em Pequim, por exemplo. Aqui na Alemanha, país considerado exemplo na luta contra a Covid-19, mesmo com a taxa de contágio estável por semanas, alguns lugares ainda têm alta circulação do coronavírus. A sensação é de que ainda vai demorar muito para esse capítulo da história do mundo ter um desfecho.
Coronavírus na Europa e o alívio das medidas
Aos poucos, no decorrer do mês de junho, as medidas de isolamento contra o coronavírus foram sendo aliviadas pela Europa. Primeiro, parques e praças voltaram a receber visitantes, depois, lojas foram reabertas, seguidas por bares e restaurantes, de preferência com mesas ocupando calçadas – o que é tranquilo de fazer já que o verão acabou de começar. Por fim, as fronteiras entre países europeus, que passaram meses fechadas, foram novamente reabertas, a maioria delas sem necessidade de quarentena após entrada ou retorno. Ou seja, a livre-circulação europeia vem sendo parcialmente retomada. Ficando de fora, claro, regiões onde a epidemia está ainda fora de controle. Com isso, uma sensação de normalidade vai ganhando as ruas.
Obviamente que algumas medidas de segurança continuam: não se pode entrar em lugares fechados e transporte público sem usar uma proteção facial (máscara, face shield ou até mesmo um cachecol). Também é preciso respeitar o distanciamento físico e evitar aglomerações. Em alguns estabelecimentos como bares e restaurantes, aqui na Alemanha, é preciso preencher uma ficha com nome, telefone ou e-mail, na chegada, então tudo fica menos espontâneo e menos normal. Mas é como as coisas são por ora.
Verão europeu e a Covid-19
Com a chegada da estação mais quente do ano e, consequentemente, as férias de verão, o setor do turismo europeu começou a se movimentar a fim de garantir a temporada. Somos bombardeados a todo momento por promoções de voos, hotéis e destinos. Há, inclusive, um projeto piloto onde alemães viajaram para a Mallorca – ilha espanhola que recebeu em 2018 cerca de 5 milhões de turistas oriundos da Alemanha – antes da Espanha reabrir suas fronteiras para os demais países da Europa, o que aconteceu ontem, 21 de junho. O intuito do projeto, além de um grande marketing do destino, é fazer com que esses turistas testem como será viajar em tempos de coronavírus, seguindo novas regras de higiene e comportamento. Infelizmente, pela foto que ilustra a matéria parece que eles querem apenas reforçar mais do mesmo: a imagem da Mallorca como destino do turismo de massa.
Mas como serão as viagens enquanto o mundo atravessa uma pandemia?
Aqui em casa a gente combinou de sempre fazer tudo com mais cuidado. Quando permitiram ir aos parques e praças, nós continuamos em casa, só quando o segundo momento chegou, onde já se podia frequentar restaurantes, nós começamos a ir às áreas verdes, por exemplo. Hoje eu ainda não cogito entrar num avião e passar por todos os processos de um aeroporto, que já são estressantes por si só, em dias como os que estamos vivendo. Nesse primeiro momento, para mim, não há urgência em férias em outros países onde se chegue apenas pelo ar.
Pra mim, sem querer soar piegas, a pandemia de coronavírus pode servir para o turismo acelerado, de massa e predatório ser repensado. Essas são minhas apostas:
- Viajar de carro: assim as viagens seriam mais demoradas e você só divide o espaço com que já convive;
- Motor home ao invés de hospedagem tradicional: Temos apenas uma leve ideia de como os hotéis, albergues, pousadas e resorts terão que mudar todo o seu padrão de funcionamento para inspirar confiança nos hóspedes. Enquanto a mudança não vem, talvez seja melhor viajar “com a casa nas costas”. Eu mesma quero muito aproveitar o momento para isso. Ah, e repensar o uso do aluguel de apartamento por temporada, as grandes empresas que estão por trás desses alugueis (fantasiadas de moderninhas e disruptivas), também estão por trás da grande bola de neve que é o turismo predatório;
- Viajar de forma sustentável: Viajar para longe, de avião, apesar de já estar sendo recomendado inclusive em países onde a pandemia segue em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, não é algo a se pensar em um primeiro momento. A pedida é descobrir as belezas do seu estado, da sua vizinhança, viajar pelas redondezas, apoiar a economia local e pequenos negócios, mantendo a saúde de determinada região;
Fazendo trilhas e conhecendo as belezas de Stuttgart, a cidade onde vivo, aqui na Alemanha |
- Evitar as grandes metrópoles: Sei que muita gente sonha com Paris, Nova York, São Paulo ou Bangkok, mas a hora agora é de se proteger. E nos grandes centros urbanos, onde há maior concentração de pessoas por metro quadrado, essa pode ser uma tarefa difícil. Então eu daria preferência às cidades menores, respeitando, claro, suas medidas e regras vigentes;
Passeando pela Blautopf nascente do Rio Blau, em Baden-Württemberg |
- O verde é a bola da vez: Os destinos de natureza podem trazer benefícios reais para os viajantes, ar puro, espaço e tranquilidade é o que se busca depois de centenas de dias trancados dentro de casa, saindo apenas para o necessário. Visitar lagos, cachoeiras, praias, fazer trilhas, pode ser um bom jeito de retomar a vida pós-coronavírus ou até mesmo de criar novos hábitos de viagem. Tudo isso, claro, para quem está em quarentena. Se você, voluntariamente, não está, esse texto não é para você.
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