Ir ao Marrocos era sonho antigo, seja para provar as delícias de sua cozinha, seja para visitar cidades com estéticas muito particulares, a verdade é que o país passou bons anos na minha lista de desejos de viajante. Desde que vim morar na Europa uma das poucas certezas que tinha é que dessa vez o Marrocos não passaria batido, mas a logística para visitar o país do norte africano a partir de Stuttgart não era tão simples, nem barata, até que a boa e velha low cost Ryanair abriu a rota STR - RAK, nos permitindo tirar pelo menos parte do sonho do papel. Por que parte do sonho? Porque a ideia era dedicar mais tempo ao país e conhecer pelo menos umas 5 cidades, incluindo sua capital, Rabat. Mas a oportunidade surgiu e lá fomos nós passar pouco mais de 48 horas em Marrakech, fazendo dessa viagem um aperitivo, um começo de relacionamento nosso com o Marrocos.
E como o nosso tempo no país era escasso, foi preciso uma boa pesquisa antes de viajar para que a margem de erros fosse mínima e o aproveitamento fosse máximo. A tentação de abraçar o mundo em dois dias é enorme, há muito o que se fazer em (e a partir de) Marrakech, desde passeios de balão, passando por tours no deserto, aulas de culinária, noites em acampamentos Berberes, excursões de um dia até cachoeiras, praias ou montanhas. A fim de diminuir a ansiedade que me consumia porque tinha pouco tempo nas mãos e muita vontade na cabeça, concordamos que ficaríamos apenas em Marrakech, que usaríamos nosso tempo para ver bastante da cidade num ritmo menos caótico. Pouco tempo antes de embarcar, porém, descobrimos que estaríamos no Marrocos em pleno Ramadan – o mês sagrado para os muçulmanos, onde eles jejuam, oram, ficam mais introspectivos e têm suas rotinas alteradas. O que para uns pode ser motivo de mudança de planos de viagem, para nós virou uma oportunidade única de experimentar uma cultura totalmente nova em seu ápice.
Em pouco mais de 48 horas em Marrakech, quarta maior cidade do Marrocos, fizemos muito mais coisas, mas aqui estão as 10 que todo mundo deveria fazer estando na cidade:
1 - Tomar um chá de menta | A hospitalidade é um dos traços mais fortes da cultura marroquina, saber receber é uma arte que eles dominam como ninguém. E o chá de menta é o grande símbolo das boas-vindas no país. Ao abrir as portas da sua casa/estabelecimento para os visitantes, o primeiro passo é oferecer um pequeno copo de chá – por vezes acompanhado por biscoitos amanteigados –, é a forma do marroquino dizer que somos bem-vindos ali naquele ambiente. É praticamente impossível ficar imune ao chá de menta no Marrocos, pois é a bebida mais consumida no país, e mesmo sob um forte calor de mais de 40 graus, é pouco provável que você recuse a simpática oferta da bebida. Para nós, bastou um gole no chá para termos uma doce primeira impressão do Marrocos;
2 - Se hospedar em um Riad | Só há um único tipo de hospedagem em que eu ficaria no Marrocos e ela se chama Riad. Um Riad é uma espécie de casa ou palácio tradicional marroquino com jardim interior ou pátio. Normalmente são construídos com dois ou mais andares, que estão em torno de um pátio em estilo andaluz, contendo obrigatoriamente uma fonte em seu centro. Essas casas, antes pertencentes a mercadores abastados, foram sendo convertidas em hospedagens. Hoje Marrakech tem mais de 1.000 Riads para todos os gostos e bolsos, nos mais diversos estilos, desde os mais tradicionais até os mais modernos. Desde a primeira vez que ouvi falar nesse tipo de hospedagem que eu coloquei na cabeça que quando estivesse no país dormiria em um Riad e o sonho se concretizou. Testamos dois Riads em Marrakech que em breve aparecerão aqui no blog;
3 - Fazer um walking tour com guia | A fim de otimizar nosso tempo em Marrakech, fechamos com antecedência um walking tour guiado pela cidade. Já falei da importância do guia de turismo por aqui e continuo reafirmando que, em algumas ocasiões, eles agregam muita informação e são determinantes para o bom aproveitamento de alguns passeios. E Marrakech foi um desses casos. Nos encontramos na icônica praça Jemaa El-Fna e dali seguimos para explorar os pontos turísticos de Marrakech que não se encontravam na porção mais central da cidade. Começamos o tour entrando no Bahia Palace e vendo de perto toda sua suntuosidade, seguimos a caminhada por Mellah, o bairro judaico de Marrakech, onde é possível comprar temperos e cosméticos. A segunda parada do tour se dá na Saadian Tombs, que fica ao lado da Mesquita Kasbah, uma das mais importantes da cidade. O penúltimo ponto de interesse é o Bab Agnou, o mais imponente dos 19 portões que cercam Marrakech. O walking tour culmina na Mesquita Koutoubia, cartão postal e maior mesquita de Marrakech. Foram pouco mais de 3 horas de passeio, ricas em detalhes e beleza que valem a pena serem descobertos;
4 - Passear pela Medina | A parte intramuros de Marrakech, ou o centro da cidade, é conhecida como Medina. A princípio o emaranhado de ruas pode dar um nó na cabeça dos que são menos orientados espacialmente, mas com o passar do tempo conseguimos nos acostumar, gravar alguns pontos de referência e andar sem nos perder pelos becos e vielas da Medina. As ruas que abrigam os mercados, ou souks, são normalmente cobertas e estreitas, por vezes dividimos o pouco espaço com mercadorias, motos e bicicletas, mas é uma bagunça organizada. Passear pela Medina é uma experiência sensorial, para onde quer que você se vire, sentirá cheiros, ouvirá sons, poderá provar sabores e verá de tudo um pouco;
5 - Descansar em um jardim secreto | O caos da Medina pode ser opressor para quem não está acostumado à dinâmica desse modelo de cidade, somado a isso podemos adicionar o calor – pegamos temperaturas acima dos 40 graus em maio –, e o clima seco desértico. Nessas condições um passeio qualquer pode se tornar um desafio. Mas Marrakech surpreende e, como se atravessássemos um portal, nos deparamos com o Le Jardin Secret, um oásis verde e fresco, com pequenos fios de água – símbolo da vida para os muçulmanos –, que correm desde a Cordilheira dos Atlas, irrigando e alimentado as dependências desse Jardim Secreto. Aproveite para desacelerar e perceber os detalhes arquitetônicos do lugar, você vai se surpreender;
6 - Fazer compras nos Souks | Vocês bem sabem que não falo de compras em viagem porque normalmente não as faço. Tento trazer para casa apenas souvenirs criativos, que prolongam o gostinho da viagem por mais tempo, mas não é regra, não é de todo lugar que trago algo. Mas em Marrakech comprar é parte da viagem assim como comer. A sensação que dá, ao caminhar pela Medina, é que praticamente todas as ruas são feitas por comércio, mercados. E essa é exatamente a tradução da palavra souk para o português: mercado. E nesses bazares se vende de um tudo: tapetes, cerâmicas, tecidos, artigos em couro, metais, fibras naturais, luminárias, roupas e muita bugiganga também. Mas se você vai predisposto a comprar, saiba que é melhor ser um bom negociador. Porque a arte da negociação, também uma característica cultural do Marrocos, é algo primordial para se fechar uma compra por lá. Normalmente os itens não têm preços expostos, o que força você a perguntar ao vendedor e assim você entra no jogo. Voltei pra casa com bule, pratos, potes e, se tivesse mais tempo, voltaria com mais coisa. Os souks do Marrocos são uma perdição até mesmo para quem não liga para as compras;
7 - Tomar suco de laranja na Praça Jemaa El-Fna | Na verdade, a dica aqui é você tomar tanto suco de laranja quanto for possível. O Marrocos é conhecido pela sua produção de laranjas e não há um lugar sequer que não venda o suco feito diretamente da fruta, docinho, sem adição de açúcar. Aliás, pelas ruas de Marrakech não raro vimos pés de laranja carregados, mas li que essas não eram próprias para o consumo, só para decoração. A visão mais impactante, porém, certamente se dará quando você avistar as coloridas barracas de sucos da Jemaa El-Fna. A praça onde acontece de um tudo em Marrakech, desde mulheres aptas a fazerem uma tatuagem de henna nos visitantes, passando por músicos em roupas típicas, chegando aos famosos encantadores de serpentes e de macacos, a Jemma El-Fna foi o único lugar que nos disseram para ter cuidado com os “batedores de carteira”. Mas espertos que somos, não andamos em lugar nenhum do mundo com nossos pertences dando sopa, tampouco achamos a praça insegura. E, ao invés de ficarmos boquiabertos com as coisas exóticas que aconteciam por lá, arriscamos mesmo foi tomar um delicioso suco de laranja por inacreditáveis 5 dihrams (cerca de 40 centavos de euro);
8 - Provar as delícias da cozinha marroquina | E já que falamos de chá de menta, suco de laranja, temperos e especiarias, essa lista do que fazer em Marrakech não seria completa se não indicasse algumas coisas para se comer na cidade. A cozinha marroquina se mostrou surpreendente, perfumada e saborosa, mas sem notas muito agressivas. Para mim, com a mistura dos sabores salgados e doces, com toques de frutas secas e castanhas, a comida que provei em Marrakech tinha cara festiva, parecida com nossas comidas de fim de ano. Não deixei passar um prato sequer: Couscous, Tajine, Tangia, Msemmes (uma espécie de crepe), Beghrir (panquecas), Batbout (pãozinho), Khobz (outro pão tradicional do marrocos), Harira (sopa tradicional marroquina), além de inúmeros doces… Em pouco mais de dois dias em Marrakech comemos muitíssimo bem e em breve indicarei os endereços dos restaurantes que conhecemos cidade;
9 - Visitar um dos muitos museus | Marrakech tem mais de uma dezena de museus que guardam parte da história da cidade e do país. Muitos deles são intimistas e, apesar de bom, o acervo é reduzido, permitindo que se visite mais de um sem tomar muito tempo. Alguns têm suas dependências alocadas em casas estilo Riad, o que traz um momento de tranquilidade e frescor em comparação com a efervescência das ruas de Marrakech. Nós visitamos a Maison de la Photographie, que guarda tesouros fotográficos do Marrocos que datam desde 1870 até 1960. Além da fotografia o museu expõe documentos, cartões postais, placas de vidro e documentários. No alto do prédio há um café e um terraço panorâmico de onde temos uma vista privilegiada da cidade. Já na parte nova de Marrakech, perto do bairro conhecido por Gueliz, está o Museu Yves Saint-Laurent, um dos mais visitados da cidade. E isso nos leva à última dica dessa lista do que fazer em Marrakech;
10 - Passear no Jardin Majorelle | Passamos a visita ao Musée Yves Saint-Laurent, mas não deixamos de visitar o jardim anexo ao museu. Foram necessários 40 anos para construir o que hoje é o Jardim Botânico e um cartão-postal de Marrakech. Já falei do clima seco de deserto que paira em Marrakech, por isso, sempre que possível, estar rodeado de verde é primordial para o nosso conforto por lá. Há quem diga que o jardim fica cheio, então haverá filas para compras do ticket, na ocasião da nossa visita estava tudo tranquilo. Além de plantas belíssimas e fontes de água corrente, o Jardin Majorelle tem um café com comida honesta e uma limonada deliciosa. Um quê moderno que contrasta com toda a tradição marroquina que nos cerca por todos os lados.
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Quando trabalhei no norte da África tive a oportunidade de visitar Casa Blanca. Sempre quis conhecer Marrakech e lendo essa matéria fiquei bem estimulado a inciar o planejamento da viagem. Muito obrigado pelas dicas!
ResponderExcluirBom saber que minha matéria te inspirou a começar seu planejamento. Que dê tudo certo na sua viagem a Marrakech!
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