Atualizado em 07/12/2022
Durante a nossa viagem de carro por Portugal reservamos duas noites para Coimbra. Fomos sem saber muito o que esperar e, como sendo uma cidade majoritariamente universitária, sabíamos de antemão que durante o período de festas de fim de ano ela estaria mais tranquila. Para nossa surpresa, nos deparamos com uma cidade charmosa, convidativa, pela qual nos apaixonamos quase que imediatamente.
Estacionamento e Elevador para a Cidade Alta
Para passar o dia explorando Coimbra, estacionamos o carro no estacionamento público que fica logo embaixo do Mercado Municipal D. Pedro V, que se mostrou um excelente ponto de partida. O lugar em si é bem simples, mas como em todo bom mercado, tem sempre algo interessante acontecendo, seja por seus frequentadores, seja pelo cheiro das flores e dos insumos frescos, um mercado sempre vale a visita. Colado ao prédio do mercado, está o elevador de mesmo nome, que faz parte do transporte público (o bilhete custou 1,50 euros), ligando a parte baixa à zona alta da cidade. Desembarcamos numa espécie de mirante, de onde observamos o bonito casario antigo de Coimbra. O dia em dezembro estava frio, mas o céu azul e o sol estavam ali, impecáveis.
Passagem para usar o elevador do mercado - só valide na presença do ascensorista |
Segunda parte da viagem no Elevador do Mercado em Coimbra |
Universidade de Coimbra e seu mundo de conhecimento
No nosso roteiro por Coimbra preferimos partir da cidade alta descendo a pé em direção à cidade baixa. Com temperaturas agradáveis, o passeio foi feito sem muito esforço, já que estávamos acompanhados dos meus pais. Passamos pela Sé Nova de Coimbra, para logo depois chegarmos ao conjunto de prédios que, juntos, foram as instalações da Universidade de Coimbra, patrimônio mundial da humanidade. Aos que vão com mais tempo e querem conhecer mais de perto a universidade, eles oferecem alguns passeios/visitas que podem ser interessantes, como o Museu da Ciência ou a Biblioteca Joanina, considerada uma das mais espetaculares do mundo.
Porta Férrea em Coimbra: na sua construção simbolizava a entrada na Zona Universitária |
Paço das Escolas na Universidade de Coimbra |
Detalhes de Coimbra e sua arquitetura particular |
Minha turminha em Coimbra: Irmão, pai, mãe e marido |
Casario antigo da Rua da Matemática |
Percorremos sem pressa os arredores de alguns departamentos e, mesmo em ritmo de férias, o ambiente estudantil nos pareceu muito familiar e aguçou nossa curiosidade. O pátio comum aos departamentos de Física e Química é super agradável e, lá do fundo, temos uma vista privilegiada para o rio Mondego. Seguimos pela Faculdade de Letras a caminho da Porta Férrea, construída em 1634, formalizando a entrada da área universitária. Essa construção bem como outras edificações e monumentos, juntos, formam o Paço das Escolas, conjunto arquitetônico que forma o núcleo histórico da Universidade de Coimbra, desenvolvido ao longo de centenas de anos.
Podia ser Brasil, mas é Portugal
Descendo as escadarias, passando pela Faculdade de Farmácia, as ruas começam a ficar estreitas e o cenário nos lembra muito os centros históricos de Olinda, Rio de Janeiro ou Salvador. Por estarmos em um ambiente universitário, não raro vemos que a inquietude estudantil transborda e chega às paredes ao nosso redor, em forma de poesia ou de protesto, são inúmeros os questionamentos. Seguimos descendo a Rua do Norte até darmos de cara com os fundos da Sé Velha, uma das únicas catedrais portuguesas construída em estilo romântico. A igreja é aberta ao turismo e sugere uma taxa simbólica de 2,50 euros para visitação. Nossa caminhada segue pelo Largo Sé Velha, passando pela sugestiva Rua do Quebra-Costas. Existe até uma superstição por causa dos íngremes degraus desse rua: quem não cair na rua do quebra-costas não acaba o curso na universidade. Brincadeiras à parte, essa porção na transição da cidade alta para a cidade baixa é uma parte super charmosa de Coimbra. Há vários bares, tascas e lojas, além, é claro, de casas de fado.
Detalhes da Sé Velha de Coimbra |
A caminho da cidade baixa, ruas estreitas, antigas e mal conservadas |
Tricana de Coimbra: Estátua em homenagem às mulheres da cidade |
Foi nessa hora que compramos nossos ingressos para o show de fado que aconteceria às 18h do mesmo dia. Demos sorte, pois ainda havia ingresso, mas dá pra comprar com antecedência no site. Ainda vou falar da apresentação, mas já adianto que Coimbra sem show de fado não é Coimbra.
Comendo bem em Coimbra
Continuamos nosso roteiro por Coimbra descendo a Quebra-Costas até chegar na Porta Barbacã. A construção hoje marca a divisa dos bairros Almedina e São Bartolomeu, mas foi importante passagem para a cidade intramuros na idade média. Já na Rua Ferreira Borges, principal artéria central da cidade, é um dos endereços para quem quer fazer uma pausa no turismo e começar a fazer compras. A essa altura do campeonato já sentíamos fome e a vontade comer um bacalhau com uma boa taça de vinho gritava. Rumamos para o coração da cidade e chegamos ao Solar do Bacalhau, endereço que já tinha visto antes mesmo de sair de casa. Apesar do nome, a casa serve outros pratos, mas nessa viagem nós não queríamos nada além de vinho e bacalhau.
Porta Barbacã, uma das ligações entre as cidades Alta e Baixa em Coimbra |
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Rua Ferreira Borges em Coimbra, a rua do comércio |
Bacalhau ao Forno do Solar do Bacalhau em Coimbra |
Começamos com a entrada da casa (9,75 euros): pataniscas, bolinhos de bacalhau, azeitonas, queijo de cabra, presunto e tomate. Já como prato principal, cada um da mesa escolheu um bacalhau: Cozido com todos, À Lagareiro, No pão e Assado no forno. Todos estavam excelentes, fartos e os preços variavam desde 12,50 a 14,50. Difícil conseguir continuar qualquer passeio depois de uma refeição dessas. Mas como tínhamos que buscar o carro, seguimos até a tradicional Pastelaria Briosa e garantimos alguns deliciosos pastéis de nata para sobremesa.
De volta ao hotel, descansamos a fim de repor as energias para nossa noite de fado.
Noite de fado e tapas em Coimbra
Chegamos à Fado ao Centro, casa que apresenta todos os dias do ano – sem exceção – um show de Fado de Coimbra ao vivo, faltando pouco menos de 15 minutos para o início do espetáculo. A casa é pequena, não tem mais do que 30 lugares, o que torna o show bem intimista. Para manter a tradição, os atos são executados por artistas que, necessariamente, foram alunos da Universidade de Coimbra. Com orgulho e maestria, num espetáculo de cerca de 50 minutos, eles apresentam a história do Fado de Coimbra e fica difícil para os espectadores não se sentiram tocados com a carga emocional do ritmo. A casa trabalha, ainda, para a perpetuação da cultura, ministrando aulas de Fado e Guitarra Portuguesa, além de manter uma oficina de construção de instrumentos utilizados na arte do fado. Para fechar a experiência, ainda somos convidados a degustar um cálice de vinho, nos deixando prontos para a segunda parada da noite. Porque já que começamos tão bem, temos que terminar melhor ainda.
Um gostinho da apresentação do pessoal do Fado ao Centro
Colado à casa de fado está o bar – de nome sugestivo – Tapas nas Costas. Especializado no modelo espanhol de petiscar, chamado de tapas, o bar tem uma boa carta de vinho e uma deliciosa seleção de petiscos que nos faz quase perder a hora. Provamos de tudo um pouco, cesto de pães, tábua de queijos com geleia, batatas bravas, polvo à moda da casa, moelas, bacalhau à bras... Tudo regado a muito vinho, fechando de forma redonda essas nossas 24 horas em Coimbra.
Batatas Bravas e Prato de Queijos do Tapas nas Costas |
Meu pai, que adorou Coimbra, e eu |
Sim, a cidade tem muito mais o que ver, mas no ritmo que imprimimos, essa é a nossa sugestão de roteiro e, para quem vai pela primeira vez, é uma excelente introdução. Também conhecida como capital dos amores, ficou fácil entender o porquê: é difícil não se apaixonar por Coimbra.
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