A jornalista especializada em turismo, Flávia Lelis, volta ao raphanomundo com a segunda parte da sua encantadora viagem pela Rota das Emoções. Convido vocês a lerem e se apaixonarem ainda mais pelo Brasil.
Matéria por Flávia Lelis*
O extremo nordeste brasileiro é
um mapa de tesouros. A cada curva. A cada duna que se supera, ou na navegação
entre o rio e mar surge uma nova descoberta deslumbrante. Em novembro de 2017,
foi-me apresentada a chance de percorrer a chamada Rota das Emoções – que se estende entre os Estados do Maranhão,
Piauí e Ceará – num deslocamento que envolve praias desertas fenomenais, estradas
cercadas de florestas e as tais paisagens fabulosas.
Clicando aqui, você pode conferir como foi o início da Rota, no
Maranhão, quando desfrutei da beleza inquestionável e tocante dos Lençóis
Maranhenses, tanto na entrada por Barreirinhas, quanto por Atins, um vilarejo
de pescadores para lá de encantador, com ritmo pacato, mas um verdadeiro
gigante de predicativos naturais.
A icônica árvore penteada, em Luís Correia, Piauí - Foto: Flávia Lelis |
O caminho em frente é feito à
partir do Rio Preguiças até desembocar na Praia do Caburé. Em dias ensolarados,
o lugar é perfeito para curtir o dia, já que de um lado se tem a água doce do
rio, e de outro, uma areia grossa é beijada pelo oceano Atlântico. Uma sugestão
que dou aqui é que, antes de sair de Atins num transfer agendado de barco, você também negocie sua viagem em
direção ao Piauí com empresas especializadas nestes roteiros, no meu caso,
essas empresas foram a Natur e da Ecoadventure. Ter empresas
especializadas nesse tipo de viagem traz segurança ao passeio, já que o trajeto
inclui cerca de 40 minutos pela praia deserta – e linda! – e quase duas horas
pelas estradas que cortam os Estados do Maranhão e Piauí. Rolam umas paradas em
lugares estratégicos, o que torna o deslocamento mais confortável.
O quase intocado litoral do Piauí
Você pode escolher ir direto para
o hotel ao chegar à Parnaíba, no
Piauí, e deixar para o dia seguinte o roteiro de passeios incríveis, como
navegar pelo Delta do Parnaíba – o
terceiro maior do mundo – cercado por aproximadamente 70 ilhas. Embarcados em
lanchas, os turistas partem para a navegação numa espécie de atração recheada
com outras atrações, já que ao longo da jornada pelo Delta, você pode conferir
desde uma (dispensável) apresentação do índio Mandu Ladino até um almoço na Ilha das Canárias, a segunda
maior da região. No topo da ilha está o restaurante Casa do Caboclo, que também
dispõe de pousada, e se privilegia de uma paisagem particular de todo o Delta,
do canto das aves e de uma refeição saborosa à base de peixes e frutos do mar.
Os pontos vermelhos nas árvores não são flores, são os pássaros guarás - Foto: Flávia Lelis |
Dali, novamente embarcado, é
surreal o encontro com as pequenas dunas deslumbrantes do Morro do Meio, é um
oásis, na verdade. Desça e aproveite um tranquilo banho de rio, renove todas as
fotos daquela pastinha de ‘fotos incríveis’ e, simplesmente, aproveite cada
segundo dessa valiosa liberdade. Na volta para casa não perca outro espetáculo
da natureza: a revoada dos guarás. Os pássaros são donos de uma coloração
avermelhada suntuosa, resultante de uma alimentação à base de caranguejos
aratus, e, pontualmente às 17h, eles começam a chegar em bandos na Ilha dos
Guarás para repousar. A imagem do vermelho das penas em contraste com o céu
azul e a floresta verde é particularmente especial.
Turismo de experiência: o visitante mais corajoso pode pegar caranguejo com as próprias mãos no Piauí - Foto: Flávia Lelis |
Aliás, se você for
suficientemente corajoso pode curtir a experiência de catar caranguejos no
mangue de modo tradicional, ou seja, com os pés na lama e enfiando o braço nos
buracos onde eles se escondem. Neste entorno, estão milhares de caranguejos da
espécie Uçá, e o mais importante é fazer isso acompanhado de catadores
credenciados, que atualmente são mais de 3 mil nos arredores do Delta. Na hora
do retorno para o hotel, a dica é negociar com o barqueiro para que a volta não
seja muito tarde, já que até o Porto dos Tatus, na Ilha Grande do Piauí, você
levará mais de uma hora – usei os serviços da empresa Clip Turismo e deu tudo certo.
Oportunidade rara: Ver um cavalo-marinho tão de perto - Foto: Flávia Lelis |
À noite em Parnaíba, as opções de
entretenimento não são extensas, mas justamente porque a cidade é muito
tranquila. E daí vale um drink no hotel Arrey
Beach – recentemente aberto pelo Grupo Arrey, e novinho em folha, com
traços modernos de decoração e delicioso café da manhã – ou um jantar no hotel
de charme Casa de Santo Antônio,
dono de culinária mediterrânea, e lugar para apreciar um saboroso ceviche com
mostarda e um filé alto com nhoque, harmonizados com sangria.
O litoral piauiense está
conquistando o coração dos brasileiros, justamente por suas qualidades
selvagens, quase intocadas. As mais populares – Atalaia, Coqueiros, Maramar e
Macapá – estão em Luís Correia, contudo, é Barra
Grande que surge como a mais nova queridinha do nordeste. A praia tem um
vibração particular, talvez em virtude da presença dos surfistas e kitesurfistas
brasileiros e estrangeiros que chegam aqui atraídos pelos ventos intensos, e
que movimentam algumas dezenas de pousadas, hotéis e resorts. Com apenas ruas
de areia, Barra Grande é um destino sem frescuras, mas, ainda assim, cheia de
charme. Se você busca algo mais rústico parta para o passeio de canoa pelo rio
Camboa, que perpassa a rica flora local, ao passo que também revela garças
azuis e brancas, e caranguejos, até a parada na Ilha do Cavalo Marinho. O
pequeno animal se refugia em áreas delicadas e, fiquei sabendo, que apenas os
barqueiros da BarraTur estão autorizados a mergulhar e trazer os
cavalos-marinhos para apresentá-los ao público.
Onde comer em Barra Grande – Piauí
Almoçar e jantar em Barra Grande
são duas atrações deliciosas. No almoço, você pode ter a companhia do sol e da
praia ao escolher locais como a Pousada
BGK, a primeira da região e ponto de parada obrigatório entre os
kitesurfistas. Por aqui, não descarte o pargo grelhado e o camarão ensopado
acompanhados de arroz branco. É amor. À noite, a luz baixa e a música que vem
dos barzinhos constroem aquele clima praiano atraente, e tudo o que você quer é
se divertir. Vale sair para dançar forró, comer um lanche comum como um
hambúrguer, ou se satisfazer com a alta gastronomia do La Cozinha, que sugere um menu degustação de cinco pratos – três
entradas, um principal e uma sobremesa - à R$119,00 por pessoa. O destaque é o
camarão com molho de açaí, uma delícia, assim como, a picanha servida ao ponto.
Barra Grande, no Piauí, é destino certo para surfistas e kitesurfistas do mundo inteiro - Foto: Flávia Lelis |
Hospedagem em Barra Grande – Piauí
Se almoçar e jantar são dois
prazeres em Barra Grande, dormir também. Principalmente quando se tem o
privilégio de se hospedar em locais como a Pousada
Manatí, dona de uma arquitetura arrojada que se estende até as acomodações,
onde camas kingsize, amenities assinados pelo Boticário e uma
vista espetacular da praia te esperam. A piscina, por sua vez, quase toca o
mar, e o bar completa uma noite animada.
Para fechar a Rotas das Emoções com chave de ouro: Jericoacoara
De volta ao percurso da Rota das
Emoções deixamos o Piauí com destino ao Ceará usando os serviços da MB Turismo, que ficou responsável pelo deslocamento
em direção à Jijoca, perpassando por cidades como a bucólica Chaval,
Barroquinha e Camocim – aqui uma curiosidade: esta última, além de casa para a
marca Democrata de sapatos, se distingue pelo litoral de tons caribenhos, com
destaque para a Barra dos Remédios e a Praia de Tatajuba. Contudo, a grande
rainha local é Jericoacoara, que não
perde sua majestade há anos.
Uma lagoa no paraíso
Chegamos a bordo de carros 4x4 da
ExperimenteJeri, que foi responsável
por nos apresentar uma Jeri em grande estilo, ali, na Lagoa Paraíso. A lagoa
não tem esse nome à toa, é uma beleza sem fim, e os turistas ainda são mimados com
redes dentro da água, ou gazebos suntuosos lá na areia. Uma das opções mais
confortáveis é pagar a taxa de consumo do Alchymist
Beach Club e curtir a paisagem, a areia branquinha e a água morna da lagoa.
Na hora do almoço seu único trabalho será optar por peixe, filé, aipim... O
tipo de dúvida que a gente gosta de ter quando estamos viajando.
Almoço na Lagoa do Paraíso, em Jeri - Foto: Flávia Lelis |
Depois da chegada do aeroporto no
município de Cruz, distante cerca de 10 minutos de Jericoacoara, muita coisa
mudou. E isso quer dizer muitos turistas nas ruas de areia o tempo todo. Apesar
do clima de lotação, nada tira o brilho daquele passeio até a Pedra Furada ou o
fim de tarde no topo da Duna Pôr do Sol. Quando a noite cai na vila, o jantar é
aprazível em muitas direções, incluindo o Serafim, onde um atum selado com
gergelim acompanhado de uma releitura de guacamole fará com que você se renda.
Peça para acompanhar uma limonada com capim limão. Novamente, é amor.
A caminho da famosa Pedra Furada, em Jericoacoara - Foto: Flávia Lelis |
A badalada noite de Jeri
Por entre as ruas de Jeri, uma
nova moda tenta marcar território: o Pub Crawl, que basicamente, consiste em um
tour por diferentes bares e baladinhas para beber e dançar. É divertido, mas
depois da caipirinha extremamente forte na barraca da praia você fica com certa
preguiça de encarar o resto do tour. Fique firme e insista até chegar ao Beco
do Forró para encerrar o dia à moda local: dançando forró com um novo amigo que
você fez ali na pista de dança.
SERVIÇO
Hospedagens: Hotel Arrey Beach, apto duplo a
partir de R$220,00 (diária) | Pousada Manatí, apto duplo a
partir de R$400,00 (diária) | Blue Residence, apto duplo a
partir de R$580,00 (diária) | Tranfers: Natur Turismo, Ecoadventure,
Rota Combo, Clip Turismo, MBTurismo, Experimente Jeri e CooperJeri.
*A jornalista Flávia Lelis viajou ao Maranhão a convite da Pousada Encantes do Nordeste com o apoio do trade turístico do Maranhão, Piauí e Ceará.
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