Sobre liberdade

Não tem coisa mais perigosa do que uma mulher livre. 

Por isso sofremos tanta pressão, de todos os lados, por qualquer que seja a nossa escolha na vida. 

Menina é criada pra ser princesa, pra brincar de boneca, de casinha, de comidinha... Menina que brinca na rua, que joga bola, gosta de lego e brinca de carrinho? Cuidado, hein? 

Menina é levada a acreditar que tem que fazer letras, pedagogia, no máximo, arquitetura. 

Menina não faz exatas. Menina não se dá bem com matemática. 

Menina que faz tatuagem? Wow, puta. Menina que bebe? Puta também. Menina que não quis casar? Ficou pra titia, mas é puta. Afinal, o sonho de TODA menina é casar. É fazer das brincadeiras de criança realidade. 

Por falar em criança... 

Nossa, você não tem filhos? Que egoísta. Nunca vai saber o real sentido da vida.

Você tem filhos mas sai pra trabalhar? Uma mãe que se divide não é uma mãe 100%

Foi parto normal? Humanizado? Ah, não? Cesárea? Adotado? Então você não é bem, mãe, MÃE, né? 

Seu marido deixa você viajar sozinha? 

Você deveria dar uma emagrecida... 

Nossa, que menina magra, só pode ser doente!

Você vai com essa roupa? Com esse batom? 

Vocês viram a fulana na festa? Mas também, com aquela roupa, ninguém vai respeitar...Mulher tem que se dar o respeito.

Estou segura de que cada uma de vocês tem um exemplo para adicionar à sequência aí em cima. A única certeza que nós, mulheres, temos na vida é que seremos julgadas não importa a nossa escolha. Os homens nos julgam e, infelizmente, nós mesmas nos julgamos. Mas não pode seguir por muito mais tempo sendo assim. Abrindo nossos olhos, nos unindo, permitindo que sejamos felizes sem o peso, pelo menos, desse nosso julgamento nas costas, seremos mais fortes. Vamos passar a aceitar (ou pelo menos respeitar) a liberdade das minas. 

Se ser livre é perigoso, então corramos esse risco. 

Sejamos livres! 

Sejamos quem a gente quiser. 

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