Não sei se vocês sabem, afinal o fluxo de gente nova por aqui é sempre bem grande, mas por dois anos, entre 2013 e 2015, eu assinei uma coluna super bacana no site da revista Brasil Travel News. O convite desse grupo, que tem mais de 30 anos de tradição no mercado editorial brasileiro, foi primordial para fazer com que meu trabalho fosse conhecido por um outro público, assim como vocês, apaixonado por tudo o que envolve viagem.
Relendo alguns desses pequenos escritos, resolvi então, trazê-los aqui para o blog. Assim, juntos, a gente viaja sem sair do lugar, como quando sentamos com os amigos, após retornar de uma viagem inesquecível, para contá-los tudo. Deixarei aqui, quinzenalmente, algumas das minhas mais doces lembranças de viagem.
>> Texto meu, publicado em 06 de fevereiro de 2015, no site da Brasil Travel News
Sorvete (sem firula) é bom e eu gosto!
Uma das coisas boas de se morar num país tropical, sem dúvida, é ter lugares com clima propício para degustar um refrescante e gostoso sorvete ao longo de todos os meses do ano. Vou confessar que sou dessas que toma sorvete até no inverno europeu, mas vamos combinar que sorvete e calor dão match, né? Obviamente, com a onda gourmet que assola o nosso país, as sorveterias estão cada vez mais pomposas e poliglotas, até os picolés – que agora atendem por paletas – estão falando espanhol. Que coisa!
Enquanto surge uma gelateria a cada esquina, as tradicionais sorveterias brasileiras seguem seus caminhos focadas na tradição e expertise de quem segue fazendo sorvete há bem mais de 50 anos. Com uma clientela cativa e um produto de alta qualidade, algumas marcas extrapolaram os limites dos seus estados e colocaram seus nomes na boca do povo. É o caso da deliciosa Cairu, de Belém, no Pará, para o mundo, que fez o país experimentar sabores, antes, inimagináveis. Esqueça o trio morango-chocolate-creme, lá a brincadeira começa com castanha do Pará – sensacional, aliás –, segue para tapioca, passa por cupuaçu e chega ao açaí, além de uma infinidade de opções tradicionais da região norte brasileira.
Descendo um pouco mais no mapa do Brasil, chegamos à tradicional e pernambucana Fri-Sabor que, para atender à demanda “gourmet”, se reinventou, mas continua nos brindando com os deliciosos sabores do nordeste: acerola, cajá, graviola e mangaba. A Sorveteria da Ribeira, em Salvador, se orgulha de até hoje selecionar de descascar suas frutas manualmente. A sorveteria baiana serve suas delícias todos os dias, das nove da manhã às dez da noite, desde de 1931. Já a parada obrigatória numa viagem a Natal, no Rio Grande do Norte, fica por conta da Sorveteria Tropical, também focada em sabores típicos nordestinos.
Passaria mais uns bons parágrafos citando endereços tradicionais Brasil adentro, contudo, só para constar:
50 Sabores, Fortaleza; Cubana, Sa lvador; São Domingos, Belo Horizonte; A Formiga, Curitiba; Sorveteria Bali, Maceió.
A gente até pode dar uma pulada de cerca e ir atrás de um Pistacchio da vida, cobiçar um Nocciola, se engraçar com um Amaretto. Mas, convenhamos, o coração bate mais forte mesmo quando a gente pede o sabor sem ter muito trabalho. Me vê um de coco, por favor?!