Eu viajo desde pequena. E quando digo pequena é pequena mesmo, com 1 ano eu já estava cruzando os céus de Varig...
Sempre
gostei de voar, mesmo quando os aviões e aeroportos não tinham a infraestrutura
que é oferecida hoje. Acreditem em mim, jovens, já foi MUITO pior. É de dar
risada quando, nos dias de hoje, alguém ousa chamar de rodoviária um aeroporto
que tem free wi-fi e Starbucks. Essa
pessoa certamente nunca pisou num aeroporto nos anos 80, muito menos numa
rodoviária brasileira.
Do
alto dos meus 32 anos vi muita evolução acontecer. Houve uma época que, num
mesmo avião, tinha área de fumante e não fumante. Avaliem a loucura desses
tempos...
Mas,
para não me alongar, vou focar apenas no entretenimento de viagem. Eu vi o Mini Game (com 999 variações de Tetris)
roubar a diversão dos jogos criativos de viagens e vi o Walkman isolar os adolescentes “obrigados” a viajar com os pais –
mas ultra descolados por poderem ouvir suas mixtapes.
Lado A e Lado B, claro.
Depois
chegou a vez do nada discreto Discman (leitor
portátil de CD’s) permitir que a gente ouvisse o último um cd do É o Tchan! em paz. A tecnologia foi sendo aprimorada, já não dava mais para “pegar” na
música, ela estava na “Internet”, e da internet elas iam direto para minúsculos
mp3 players de míseros, acreditem, 128mb!
O
tempo foi passando... e tome inovação e tome internet e tome globalização...
Aí veio Ipod, Iphone, Ipad, Spotify, Netflix... Jogos, filmes, livros,
revistas, músicas... tudo dentro de um só aparelho. Já não era preciso “acessar
a internet”, nos grandes centros, já tão comum quanto água e energia
elétrica.
Mas havia um momento onde toda essa tecnologia não valia de nada. Isso mesmo,
amiguinhos, dentro do avião. Era ouvir o “Portas em Automático” pra gente se
desligar do mundo. O FOMO (fear of
missing out) gritava até no mais curto dos voos. Imaginem, então, cruzar o
Oceano Atlântico off-line?! Que morte horrível!
Para
minha total surpresa e deslumbramento, no último voo de São Paulo aqui pra Europa um mundo novo se abriu. Vi que no avião
da Lufthansa que me levaria a Frankfurt eles ofereciam o Lufthansa FlyNet®. Não quis crer no que
estava vendo, será que era possível voar e navegar?
Depois
do serviço de bordo, quando eu já tinha comido, já tinha fuçado a revista de
bordo e já tinha revirado o sistema de entretenimento, chegou a hora de ver se
“isso realmente funciona”.
Minutos
depois, cadastro preenchido, pagamento feito (24h por 17 euros - ou 19 dólares
| no cartão de crédito), lá estava eu MATANDO A MINHA MÃE DE SUSTO.
Bom,
jovens, o resto é história.
Ah,
e um dia alguém vai escrever um texto como esse dizendo: “Houve uma época que
as pessoas voavam desconectadas. Avaliem a loucura desses tempos...”