Em meio aos trâmites da mudança, conseguimos tirar uns dias
para dizer um “até logo” a São Paulo, cidade que sempre será nossa casa. Mas,
ao invés de ir aos nossos lugares do coração, achamos por bem nos arriscar e
sair da zona de conforto, a começar pela gastronomia. Com a febre Master Chef
que assola o país eu não poderia escolher outros restaurantes. Fã confessa do programa e dos
chefs jurados, meu curto roteiro pela capital paulista contemplou duas paradas:
Tartar & Co e o La Guapa.
A experiência no bistrô do francês Eric Jacquin foi muito boa. Resolvemos ir na hora do almoço, onde é
oferecido além do menu regular do restaurante, um menu executivo. De cara, pedimos
chopps Stella Artois geladíssimos
(R$8,50). Para o almoço, eu, claro, tinha que provar um Tartar
de Boeuf na ponta da faca “tomperado” (R$59), que veio à mesa numa
apresentação de encher a vista. Eu, que nunca havia comido tartar, morri de
amores pelo prato. É bem gostoso, bem temperado e servido na medida certa. Já o
menu executivo (R$47), que
contemplava entrada, prato principal e sobremesa – no caso, creme de cenoura,
risoto de açafrão e maminha, foi mais simples, mas não menos gostoso. O
destaque aqui vai para o creme de cenoura, aveludado, com um toque de gengibre,
tomaria em quantidades absurdas (para citar outro reality show). Para fechar,
um delicioso Crème Brûlée à la
vanille (R$21), porque ninguém é de ferro.
O ambiente do Tartar&Co é super despretensioso, as mesas são juntinhas umas das outras, bem no
estilo bistrô francês. Intimista, tem uma trilha sonora bem gostosa de ouvir.
Se a nossa experiência foi boa no almoço, fico imaginando para um jantar.
Localizado em uma esquina da avenida Pedroso de Moraes com a rua Padre Garcia Velho, em Pinheiros, o
restaurante fica bem pertinho do Instituto Tomie Ohtake, excelente para unir o
útil ao agradável.
eu no meu momento Amélie Poulain
Se o Tartar consegue ser a cara do dono, o La Guapa não foge
à regra. Localizado em cima da Livraria da Vila, nos Jardins, o pequeno café de
Paola Carosella reverbera tudo aquilo
que ela transmite pela TV. É um café sem frescura, simples, direto e reto. Com
preços muito acessíveis, é possível se deleitar com as criações dessa chef
argentina que coloca o coração na boca do fogão.
A atmosfera do La Guapa convida para uma visita sem pressa alguma. Se possível, leve um livro com você, se desconecte, se conecte com o outro. O lugar é pequeno, mas num dia sem muito movimento, como foi o nosso caso, montamos acampamento em uma das mesas. Pedimos, cada um, um Menu Guapa (R$27) – salada fresca e duas empanadas à escolha. Para acompanhar, refresco gelado de hibisco.
Queria dizer pra vocês que a salada foi uma das mais gostosas
que já comi. Ela tem fresca no nome e não é à toa! Crocante, úmida, saborosa...
Só provando pra saber. As empanadas também estavam ótimas, escolhi Frango
Caipira Livre e a tradicional Salteña. E
como pegamos muito leve na refeição, escolhemos duas sobremesas para fechar
essa incursão na simplicidade da cozinha argentina de Paola. O famoso Tabletón
(R$14), bem servido e excelente para dividir, combina punch
e delicadeza de um jeito curioso. Por fim, uma bola de sorvete de Doce de Leite
artesanal (R$11).
Para ser melhor, só se os próprios chefs estivessem presentes
ali. Mas, de qualquer forma, foram excelentes descobertas em São Paulo. Cidade
que não cansa de surpreender e permite, sim, que a gente vá da França à Argentina em poucos minutos. Mais rápido, inclusive, do que ir de Congonhas a
Guarulhos.