Na última semana,
coincidentemente, li dois textos muito bons sobre a internet e as redes sociais
hoje. Como meu trabalho está 100% inserido nesse contexto, achei interessante
compartilhá-los por aqui.
O primeiro texto, da Bia Granja,
criadora do Youpix e referencia em cultura da internet, aponta para uma
mudança dos tempos e do que se acredita ser relevância hoje. Se, uns anos
atrás, grandes números eram considerados grandes referências, nos dias
atuais não é bem assim. Claro que anunciantes procuram influenciadores digitais com
altos números, pois fomos criados para acreditar que muitos dígitos refletem,
necessariamente, num grande alcance ou, até mesmo, em vendas. E num passado não
tão recente, quando eu estava na faculdade de publicidade, por exemplo, isso
fazia total sentido.
Só que a internet mudou. E com
essa mudança veio a criação de nichos muito específicos, e essas categorias nem
sempre arrebanham milhares ou milhões de seguidores. Mas quem disse que eles
não conseguem comunicar/vender? A internet permitiu centralizar conteúdos, ou
seja, falar especificamente para o público que procura por um tema, sem que a
pessoa tenha que “comprar o jornal inteiro” para ler o caderno de cultura, por exemplo.
Porém, como a mente de muitas
pessoas que trabalham com internet ainda continua presa no passado, os números
ainda se sobrepõem ao relacionamento, à credibilidade, à representatividade...
Bia diz: “Relevância hoje não
se mede através de números. Ainda não aprendemos que números podem ser
fabricados? Caramba!”
E essa deixa é perfeita para eu
inserir o segundo texto (em inglês) da Bryce
Gruber, viajante e autora do The Luxury Spot, onde ela fala
especificamente dos impostores do instagram. Pessoas que surgem da noite pro
dia com milhares, ou até milhões de seguidores e, cegamente, assessores, RP’s e
empresas confiam os seus produtos/serviços a esses “influenciadores”, em troca,
claro, de uma grana preta. No texto, Bryce dá umas dicas de como as pessoas
podem saber se aquele perfil é construído de forma orgânica/real, já que a
facilidade da compra de curtidas/likes, seguidores e até comentários, hoje é
muito grande.
O nicho de viagens, como é o
nosso caso (meu e da Bryce), é um dos que mais são afetados por esses falsos influenciadores,
assim como o de moda e beleza, acredito. Trabalho há 6 anos gerando conteúdo
sobre viagens com o raphanomundo, uso diversas redes sociais, aliás, essas uso
desde antes mesmo de criar o blog. No instagram, criei minha conta quando ele
foi lançado, mas só comecei a usá-lo efetivamente há 4 anos. Sempre usei mais
como uma forma de mostrar um pouco mais das minhas viagens – geralmente o que
não entrava no blog –, do que como ferramenta de divulgação propriamente dita,
uma vez que o foco do meu trabalho sempre foi o blog em si. Hoje em dia mudei
mais o perfil e uso a plataforma para divulgar esse resultado para leitores de
outros países. No entanto, nesses anos de compartilhamento de fotos, foi
impossível não notar o boom de perfis ligados à viagem e estilo de vida
ostentando grandes e polpudos números. E eu sei o quanto é difícil construir
uma comunidade orgânica, real, que dialoga, sobretudo com o conteúdo que eu
mesma produzo. Sim, perfis com grandes números e que só repostam fotos, atraem
audiência sem o imenso ônus de criar o próprio conteúdo. Se perceber esse
fenômeno já é ruim, pior é ver as empresas investirem em ações envolvendo estes
perfis, acreditando em velhos métodos que não refletem em resultado.
Na corrida para fazer parte da
“nova mídia” as empresas passam por cima dessas análises, mas garanto, com um
olhar mais apurado, uma dedicação maior no ofício, não é difícil encontrar
esses impostores das redes sociais. Aqueles perfis com 300k seguidores e 200
curtidas nas fotos não têm representatividade, não falam pra ninguém e, provavelmente,
são manipulados por pessoas que se beneficiam da crença de que relevância é só
medida em números.
Hoje em dia, meu caros, é
diferente. É relevante quem tem um bom conteúdo e fala direto
com seu público.
Foto: freeimage.com