ƒ Hostel de La Viuda em Punta del Diablo: Quem mexeu no meu queso?!

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Hostel de La Viuda em Punta del Diablo: Quem mexeu no meu queso?!

Publicado em 11/01/2016 e Atualizado em 07/12/2022 

Hostel de La Viuda in Punta del Diablo: Who moved my queso?!

Sabe quando você não curte um sabor de sorvete, mas, porque provavelmente existe uma boa razão pra isso, alguém sempre insiste que você experimente e você vai, às vezes até com esperança no coração, mas fatalmente acaba confirmando que não gosta? Sei que é preciso conviver com isso, porque vai acontecer de novo, mas, antes que alguém me julgue, o sabor hostel é amargo demais pra gente.

You know the situation when someone offers you that ice cream flavor you don’t like, cause maybe there’s a good reason for you to try it again and, at all times you prove yourself you don’t like it? We’ve got to live with that, as this sort of situation will happen for sure in the future but, before anyone judges, the flavor hostel is truly bitter for us.




Decidimos começar o nosso #RolêUY com disposição de adolescente: resolvemos que as três primeiras noites da viagem seriam em hostels. No trecho até Punta del Diablo, incluímos uma parada técnica no Rio Grande do Sul e, com a pulga atrás da orelha, mas com a esperança de que todo hostel poderia ser como o Superbude – modelo quase sacro de como um hostel deveria ser, amém! –, chegamos ao Hello Design Hostel de Pelotas.

We wanted to start our #RolêUY with teenager stamina: we decided to spend the first three nights on hostels. On our way to Punta del Diablo, we included a layover in Rio Grande do Sul and, hoping that every hostel could be like the Superbude in Germany, we arrived at the Hello Hostel Design in Pelotas.

Sempre que alguém reserva um quarto privado num hostel acaba entrando na categoria Pista VIP/Camarote/Business Class/Fila preferencial e as pessoas julgam você e parecem amaldiçoar suas futuras gerações, é estranho. A verdade é que a escolha tem muito mais a ver com privacidade a baixo custo do que qualquer outra coisa, mas hostel é obrigatoriamente pra quem quer interagir, então... Falha nossa!

Whenever someone book a private room in a hostel it’s like entering the category VIP/Business Class/Premium customer and people judge you and seem to be cursing your future generations, it's weird. The truth is that the choice has much to do with privacy at lower costs than anything else, but hostel is mandatory for those who want to interact, so ... our fault!

O quarto tinha ar condicionado, uma cama de casal e... uma cadeira. Quer dizer, tinha uma tomada também. Sentados ali por alguns minutos e sem sinal de wi-fi, ficamos refletindo sobre como o termo design pode ser usado equivocadamente. Se aquela cadeira fosse desconstruída, dava pra fazer duas prateleiras, cabides, criado mudo e talvez assim tivéssemos a sensação de que o design foi lembrado em algum nível. No banheiro compartilhado fora do quarto, que a funcionária não nos deixou usar quando chegamos porque estava “muito sujo”, não havia espelho. Mas, faz sentido... Sem espelhos a gente acaba não tendo aquela conversa com a consciência, que diria pra gente em tom sério: o que você tá fazendo aqui?!

The room had air conditioning, a double bed and… a chair. Actually, it had also one power outlet. Sitting there for a while, with no wi-fi signal, made us meditate on the term ‘Design’ and why people often use it so mistakenly. If that chair was deconstructed, it would turn into two shelves, hangers, bedside table and maybe so, we would have the feeling that someone scratched the ‘Design’ surface. In the shared bathroom, which the staff suggested us not to use when we arrived, as it was "very dirty", there was no mirror. But that makes sense... Withou mirrors we end up not having that inner conversation with our consciousness, that would ask us wisely: What are you doing in here?!

Partimos para Punta del Diablo com dúvidas, mas com a pureza de quem não quer estragar nenhum segundo das férias.

We left to Punta del Diablo having second thoughts, but with the innocence of those who do not want to spoil their vacation.





O Hostel de la Viuda fica afastado do centrinho do balneário e isso fica claro desde o início. O casal uruguaio que comanda o local se oferece para fazer o transporte dos hóspedes numa boa e, caso você não se atrapalhe com o seu horário de chegada, dá tudo certo. Mas, nós acabamos chegando bem mais cedo que o previsto e o nosso ônibus só ia até o terminal, que fica na entrada da vila e não no centrinho. Por sorte, já que não fica ninguém ali além dos funcionários das empresas de ônibus, outro passageiro tinha chamado um taxista que se ofereceu pra voltar e nos pegar. Ele cobrou o preço fechado (e alto) de 150 pesos pra rodar curtos 2 km, mas ok.

The Hostel de la Viuda is somehow away from Punta del Diablo’s main street and this is clear from the beginning. The uruguayan couple who runs the place offer transfer to guests and it works fine if you don’t mess up your arrival time. As we ended up coming much earlier than expected and our bus was only going to the terminal, located at the village entrance and not in the main street, we had to use a cab that, luckily for us, other passenger called by phone and the driver promised to come back and pick us up. He charged the fixed (and high) price of 150 pesos for the 2 km ride, but ok.




Chegamos ao hostel e do quarto privado que tínhamos reservado, nos ofereceram um quarto com tv a cabo, como um upgrade. Ouvimos as regras, nos instalamos e demos uma olhada na casa, que é grande e cheia de locais pra confraternizar: Sala de TV, sala de jantar, bilhar, piscina, jardim com redes, cabana, churrasqueira, vários banquinhos espalhados e até um mirante, com uma vista que alcança o mar, 1,5km a frente. Estava tudo bem.

We arrived at the hostel and the private room we had booked, was upgraded to one with cable TV. We heard the rules, placed our luggage and took a look at the house, which is large and full of places to hangout: TV room, dining room, billiards, pool, garden with hammocks, cabana, barbecue, some benches around and even a gazebo with a view of the ocean, 1.5km away from the property. Well, It was okay.




Decidimos explorar a vila e depois de andar, andar, andar e andar mais um pouco percebemos que para ir a qualquer parte, são de 20 a 30 minutos na areia, some a isso o sol e não tem glamour que resista. Mas ainda assim estava tudo bem.

We decided to explore the village and it was not before we walk, walk, walk and then walk some more that we realized that to go anywhere from there it would took everytime around 20-30 minutes in the sand, add to that the sun rays and there’s no glamour that resists. But it was still okay.

Festa estranha com gente esquisita | Awkward party with weird guests

Com a distância para passear, usamos a estratégia de ficar todo o dia fora e voltar ao só no fim da tarde. Para a maioria dos hóspedes a estratégia era outra, ficar o dia inteiro no hostel e não sair pra nada. Por isso mesmo o la Viuda mantém alguns itens para lanchar e bastante bebida alcoólica com preços só um pouco mais altos do que o supermercado mais próximo.

With the distance to cover every time to go to town we decided to use the strategy to stay all day out and return only in the late afternoon. For most guests the strategy was different, stay all day in the hostel and not go out for anything. This is why the hostel maintains some grocery items and lots of booz priced only slightly higher than the nearest supermarket.

Na nossa primeira noite, a balada foi pesada até altas horas da madrugada. A sala de convivência vira uma festa de rua no maior estilo ninguém é de ninguém. Algo semelhante ao baixo Augusta em São Paulo ou o Recife Antigo em dia de carnaval. A TV e o cansaço nos salvaram de perceber grande parte da gritaria.

On the first night, the party was hard and lasted until the wee hours. The living room becomes a street party, and there are (almost) no rules. We were so tired we didn’t mind all the noise.



É verdade que se você é um jovem adulto, com sede de conhecer o mundo, fazendo a sua primeira aventura com amigos para um país estrangeiro e acaba chegando ao hostel de la Viuda, você vai achar que o mundo é sua ostra, “Lugar perfeito!”. Por lá o público é mesmo eclético: Nacionalidades várias e por consequência, idiomas também. Mochileiros experientes, outros começando, gente na sua, gente puxando conversa com todo mundo, hippies, hipsters e, claro, gente “normal” e folgada também. Se algum deles deixou a casa durante o dia, nunca saberemos, mas eles estavam todos lá no início da manhã e, no mesmo lugar no fim da tarde.

It is true that if you are a young adult, thirsty to see the world, making your first adventure to a foreign country with friends and ends up going to Hostel de la Viuda, you will feel like the world is your oyster. "Awesome place!”. The guests there are eclectic: various nationalities and therefore, languages. Experienced backpackers, fresh ones, introvert people, people making conversation with everyone, hippies, hipsters and, of course, "regular" Joes. If any of them left the house during the day, we will never know, but they were all there in the early morning and at the same spot in the late afternoon.

Do nosso passeio pelas praias e pela vila de Punta del Diablo, vocês já sabem. O que vocês não sabem, nem a gente até agora, é: Quem mexeu no meu queijo?!

You already know about
our trip around the beaches and the village of Punta del Diablo. What you don’t know, and even we still don’t know is: Who moved our queso?!

O hostel oferece um café da manhã simples, mas coerente com o que você vê nos hotéis do Uruguai: cereal, pão, geleia, manteiga e doce de leite, com suco, leite e café para beber. Foi engraçado ver o grupo de brasileiras  acordar cedo, tomar café da manhã, ir até a piscina e uma hora depois voltar pra fazer o segundo round como se fosse o primeiro. É de dar orgulho pra nação. Mas elas não foram as piores hóspedes do recinto...

The hostel offers a simple but consistent breakfast that you can find in regular hotels of Uruguay: cereal, bread, jam, butter and dulce de leche, with juice, milk and coffee to drink. It was funny to see the a group of Brazilian girls having breakfast early in the morning and after spending some time at the pool, coming back to have it one more time for free. But they were not the weirdest ones in the house…



No melhor estilo ‘assalto ao trem pagador’, o queijo (e presunto) que compramos para lanchar durante a última noite foi furtado num intervalo de 15 minutos que levou para tomarmos banho. E, pior do que furtar todo o pacote foi furtar só 80% do conteúdo, a.k.a 4 das 5 fatias. Dentro do hostel existe uma regra de que sua comida precisa estar fechada num saco com nome e data para entrar na geladeira. Na prática a regra não é seguida, já que as pessoas ficam o dia inteiro lá e acabam cozinhando, deixando a geladeira relativamente cheia e desorganizada. Como a ideia não era armazenar e sim só condicionar por alguns minutos antes de consumir, não seguimos a regra e, perdemos playboys! Uma experiência num hostel tem como ser mais clichê?!

In the best David Copperfield style, the cheese (and ham) we buy for a snack on our last night was stolen in a 15 minutes that took for us to take a bath. And, worse than stealing the whole package was stealing 80% of it, aka 4 of the 5 slices. The hostel has a rule that your food needs to be closed in a bag with name and date to enter the refrigerator. The rule is not really followed, since people are there all day and end up cooking, the fridge is chaotic. As our intention was not to keep it for long, but only for a few minutes before consuming, we did not follow the rule, and, got punished immediately. Could this hostel experience be more cliché?!



Algumas horas depois, relatamos pro dono, que nos garantiu que isso NUNCA acontecia, mas que iria recuperar as imagens das câmeras “4, 6, 7 e 9” pra descobrir quem foi. Achamos curioso e foi só então que notamos que o lugar é mesmo super bem vigiado. Tem até um review no tripadvisor que relata a paranoia das câmeras. É como participar do Big Brother edição Uruguai.

A few hours later, we reported to the owner who assured us that this NEVER happens, but that he would check the images from the cameras4, 6, 7 and 9” to find out who did it. We find it curious and it was only then that we noticed that the place is really very well monitored. There’s even a review on Tripadvisor reporting the paranoia of the cameras. It's like taking part of Big Brother, uruguayan edition.

Ficou resolvido assim: os furtadores foram encontrados, mas se a comida não estava lacrada com nome e data, a culpa era tão nossa quanto deles. Resumindo, na metáfora da ‘trolagem’: Os ladrões de queijo são a vida e o dono do hostel é Deus ensinando a gente a não ser enrolado por ela.

The case was closed as follows: the cheese thieves were found, but as the golden rule of sealing the food with name and date was not followed, we could be equally blamed for the situation and therefore, nothing should be done, period. In short, in the metaphor of an “internet troll”: The cheese thieves are LIFE and the owner of the hostel is GOD teaching us not to be fooled by it.

Para refletir sobre isso, só voltando pro terminal na caçamba da caminhonete, sob um sol de rachar.

To meditate about it, let’s go back to the terminal in the back of the trunck, under the scorching hot sun.



Alguém aí aceita um sorvete... Sabor arrependimento?
Does anyone feel like having an ice cream right now? 




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Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

1 Comentários

  1. Putz Rapha!!! O bom é que não foi isso que tirou o brilho de sua viagem ao Uruguai!

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