Não
tem escapatória, uma viagem pela Serra
Gaúcha é um convite à boa mesa e ponto. Tentações que dificilmente serão
resistidas, até porque não é momento para isso, vamos combinar. Os traços
fortes da imigração italiana estão presentes desde o café da manhã até o
jantar, na fartura, no que nos é oferecido e, principalmente, na qualidade dos
produtos. Em Bento Gonçalves e seus
arredores a expressão “Mangia che te fa
bene” é levada ao pé da letra e já que comer bem faz bem mesmo, compartilho
com vocês alguns dos lugares que visitamos e aprovamos nesse nosso outono pela
Serra Gaúcha:
Mamma
Gema Trattoria – Nossa primeira incursão pela cozinha Itália-Brasil foi
nesse restaurante que fica bem na entrada do Villa Michelon, hotel onde estávamos hospedados no Vale dos Vinhedos. Como fizemos o
check-in bem na hora do almoço, foi propício andar alguns metros e adentrar o
casarão. De cara o atendimento cordial e solícito que encontraríamos durante
toda a viagem. Escolhemos um vinho Leopoldina
Premium Merlot, tinto excelente da Casa
Valduga, pedimos uma seleção de frios e, mais adiante, escolhemos um prato à la carte. Achamos por bem não ir logo
de cara enfiando os dois pés na jaca e encarando uma sequência (como é
conhecido o rodízio no sul do país), que fique claro que essa atitude só se
resumiu ao primeiro dia. O prato escolhido foi um Frango ao Molho de Ervas acompanhado por Risoto de Tomate Seco com
Rúcula e Seleta de Legumes. Vale dizer que com a entrada, o prato que era
para duas pessoas, serviu tranquilamente três. O clima no Mamma Gema era de
absoluta tranquilidade, o Sol da tarde dava um toque de Toscana ao cenário, não
poderíamos ter começado essa viagem de forma melhor. Tentamos voltar um dia à
noite para jantar por lá, mas a partir das 19 horas anexo ao casarão está a Pizza Entre Vinhos, braço mais
intimista da trattoria, vale a visita;
Canta
Maria – O Canta Maria foi o nosso pouso após o animado passeio de Maria Fumaça. O restaurante
está localizado a poucos metros da Estação
Ferroviária de Bento Gonçalves, junto ao Pórtico da Pipa, excelente razão para compor o passeio. Aqui nós
fomos de sequência, a mais tradicional de todas, de comida típica italiana, R$ 50,00 por pessoa. Sopa de Capeletti, Radicci
com bacon, maionese, salada siciliana, polenta na chapa, galeto e
massas, seleção para ninguém botar defeito. Para acompanhar, uma taça de
tinto da casa e de sobremesa, sagu, ambrosia ou pudim de leite. O ambiente é
gostoso, num casarão de pedra e a
casa é tradição em Bento Gonçalves desde 1999;
Sbornea’s – Fomos
parar no Sbornea’s por puro acaso, estava um pouco tarde para ir até Bento
procurar um lugar e não havíamos reservado nada ali pelo Vale dos Vinhedos, mas, nas imediações do hotel, a menos de 100 metros do Mamma Gema, estava o Sbornea’s. Descemos do carro e perguntamos qual era a
especialidade do lugar: Rodízio de
panquecas, o rapaz respondeu. Curioso, para dizer o mínimo. Entramos. A
casa estava cheia e, pelo visto, fazia sucesso. O forte é, sim, a sequência de panquecas (são 47 sabores,
entre salgadas e doces), mas para deixar o negócio mais atrativo, digamos, tem
massas, risotos, grelhados e saladas. Tudo bem gostoso mesmo, destaco o spaghetti
aos quatro queijos, que estava divino. Repetimos algumas vezes. O risoto de tomate seco também estava uma
delícia... O atendimento dos garçons foi impecável, divertido até. E o que
seria a estrela da casa, a panqueca, não é lá essas coisas, mas para quem vai a
Serra Gaúcha com crianças, a leva de panquecas doces (e coloridas) é de encher
os olhos;
Giordani Gastronomia Cultural
– Esse restaurante fica bem no coração
do Vale dos Vinhedos, abre só pra almoço e trabalha com a tradicional
sequência italiana. Engraçado é ver que
quase todas as casas oferecem o mesmo estilo de comida, mas cada uma tem
a sua personalidade, tempero, portanto raramente parece que você está sempre
comendo a mesma coisa. Além da comida, o ambiente do restaurante é delicioso,
uma casa de madeira aconchegante
abriga as mesas com toalhas quadriculadas verdes, o cardápio é enxuto, mas
muito bom. Fortaia e Tortéi foram os nossos preferidos, junto
com o Capeletti in Brodo, sopa que eu
não deixo de tomar quando tenho oportunidade. Para acompanhar, um suco de uva
integral.
Como
disse nesse texto sobre o Caminho de Pedras, visitar esse pedaço do Rio Grande
do Sul é como ir à Itália sem deixar o Brasil. E cada refeição feita em Bento
Gonçalves foi como se a gente visitasse a casa da nonna e fizesse carinho na alma, sem dúvida uma viagem gustativa
inesquecível.
Buon
appetito!