Quarta
maior cidade do México, ficando atrás apenas da capital, Ciudad de Mexico (DF),
Guadalajara e Monterrey, Puebla atende por nome e sobrenome: Puebla de
Zaragoza. No entanto a cidade tem
algumas outras chancelas: Cidade Patrimônio da Humanidade | Angelópolis |
Puebla de Los Angeles – oriundo da lenda sobre uma visão do Bispo de Tlaxcala:
“cidade traçada por anjos para ser
desfrutada por mortais”.
Puebla é encantadora sob qualquer ângulo |
Cor,
devoção e sabor são as três palavras que descrevem a experiência de quem separa
uns dias para visitá-la, bem como seus arredores. Situada nas cercanias do vulcão Popocatepetl, um protagonista da região,
a cidade que foi fundada em 1531 abriga algum dos símbolos nacionais mexicanos.
Puebla foi palco da famosa batalha de 5 de maio, em 1862, onde as forças
mexicanas – de forma improvável – derrotaram a esquadra francesa. A China Poblana, hoje traje típico
mexicano, ícone da cultura nacional, começou a ser difundido a partir de
Puebla. De quinta a domingo, no Lago de
La Concordia, é possível desfrutar de um espetáculo gratuito sobre a China Poblana, uma projeção de luz e
imagens que conta a história dessa lenda mexicana.
Uma foto ruinzinha da imponente Fuente de la China Poblana |
A
cidade com maior número de monumentos das Américas, com 2.619 distribuídos em
391 quarteirões, mantém quase que impecavelmente o seu conjunto arquitetônico
de prédios erguidos nos séculos XVI e XVII pelos colonos espanhóis. Seu centro
histórico, um museu a céu aberto, guarda jóias como a Capilla del Rosario – um exemplo do barroco mexicano –, a Catedral de Puebla – em estilo
neoclássico – e a Biblioteca Palafoxiana,
a primeira biblioteca pública das américas, com um acervo de mais de 40 mil
volumes, uma das maiores coletâneas do mundo. Ex-conventos, zócalo (praça
principal), museus e parques compõem um mix de pontos turísticos imperdíveis de
Puebla.
Interior da Biblioteca Palafoxiana |
A
cozinha poblana – um capítulo à parte nessa história –, é conhecida por ser a
mais icônica no México, preparada com cuidado e paciência. Esqueça os nachos e
tudo o que você conhece de comida mexicana. Essa é uma culinária criativa, de
muitas cores, aromas e sabores bem particulares. O prato mais icônico da cidade
na verdade é um molho. o Mole Poblano
é preparado com vários tipos de pimentas e chocolate, um prato complexo de
sabor agradável, que leva cerca de 51 ingredientes no seu preparo, comumente
servido sobre frango ou peru. Outros pratos da culinária poblana que não podem
ficar de fora do cardápio do turista: Tinga
– Molho de frango com chipotle; Escamoles
– Ovos ou larvas de formiga, feitos fritos na manteiga – mais consumidos na
época da quaresma. Pela dificuldade de encontrar os ninhos das formigas o prato
é considerado caro, tão caro que também responde sob a alcunha de “caviar
mexicano”. Riquíssimo em proteínas e vitaminas; Chile en nogada – um pimentão recheado de carne (porco, cordeiro ou
boi) picada, com pêra, maçã e pêssego. Empanado e frito, coroado com um creme
de nozes, cheiro verde e semente de romã por cima. As cores não são aleatórias,
o branco, vermelho e verde representam a bandeira mexicana.
Mole Poblano - Ícone da autêntica cozinha mexicana |
Tequila e Sangrita - dupla mais do que gostosa |
A
comida de rua de Puebla é totalmente influenciada pelos imigrantes: Chalupas (tipo de embarcação em
espanhol) um taco recheado com carne – porco ou frango – pimenta, cebola e
molhos; Cemitas – uma espécie de
brioche mexicano, base para um sanduíche de mesmo nome, recheado com carne à
milanesa, porco ou frango, queijo, abacate, cebola e molho picante. Deliciosa!
Minha primeira cemita pedi ao estilo al pastor, que é recheada de carne de
porco marinada, abacaxi, cebola, coentro, e muita, mas muita, pimenta. De tão
picante não consegui comer tudo, mas eu mereço um desconto: foi a minha
primeira refeição em solo mexicano; As pimentas são protagonistas na cozinha
mexicana, para se ter uma ideia, até nas frutas elas são salpicadas. Taco
Arabe – uma das comidas de rua mais apreciadas em Puebla com décadas de
tradição, é o que nós conhecemos aqui por Kebab
ou Churrasco Grego. Vale ressaltar que os cuidados com a alimentação no México
seguem os mesmos padrões que seguimos no Brasil: saber a procedência do alimento,
evitar comê-los in natura se não
sabemos a origem e não beber água da torneira é uma das minhas principais
dicas. Também aconselho a levar remédios que amenizam os desconfortos estomacal
e intestinal. Mas eu insisto, não deixe de provar as maravilhas dessa cozinha
sensacional que é a poblana. ¡Provecho!
Por
fim, acrescento ainda mais cores na visita a Puebla e mergulho no mundo da Talavera. Técnica de cerâmica típica da
cidade que consiste em transformar argila na mais pura arte, a talavera poblana se diferencia das
demais artes por ser uma mistura das técnicas chinesa, italiana, espanhola e
indígena, resultando assim num trabalho belo, com muita personalidade. A
autêntica talavera é caríssima, mas é
um souvenir para a vida toda. As peças vão desde jóias a itens para a casa e
cozinha e fachadas de prédios históricos em forma de azulejos. Apenas nove
oficinas receberam certificado de produção da cerâmica e passam por inspeções
sistemáticas para mantê-los. O atelier Uriarte, o mais antigo produtor de Talavera
de Puebla, que data de 1824, oferece um passeio guiado a fim de apresentar o
seu processo de desenvolvimento. Para quem aprecia esse tipo de arte, um
excelente passeio.
Um
roteiro para conhecer Puebla e região (que vou apresentá-los logo mais) teria 4
dias completos, mantendo a cidade como base. Mas esse período pode ser
estendido, caso a vontade seja esmiuçar completamente a cidade e seus
arredores, o que eu aconselho, caso a temporada no México seja grande. Puebla,
e tudo o que faz dela essa cidade mexicana encantadora, merece ser sentida,
vivida e degustada.
>>
Viajei ao México para representar o site Coluna de Turismo na 20a edição da MITM Americas a
convite do evento.
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Ai que saudade do México!
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