Depois
de resgatar a coluna “Som da Sexta” nada mais justo do que voltar com outra
queridinha aqui do blog. Criei a “Blogueiro Viajante” com o intuito de compartilhar
com vocês o lado pé no mundo de blogueiros amigos, que admiro e acompanho o
trabalho. Na primeira leva nove entrevistas foram ao ar, com pessoas (e blogs) mais do que legais. Com o tempo ela foi ficando de lado, mas cada vez fui lendo novos
blogs – de outras áreas além da minha – e, nesse meio tempo, mais gente passou a viajar e
compartilhar seus olhares nas redes sociais. Então, quinzenalmente, às sextas-feiras,
vem aí mais uma leva de blogueiros queridos dividindo com a gente suas
andanças, dicas e o que mais quiserem!
A
convidada dessa estreia é um amor de pessoa. Ela já sabe e, vira e mexe, falo
para os quatro cantos que sou fã do trabalho que ela faz, seja como blogueira,
como publicitária, como voluntária ou inspiradora. Estou falando da
multitalentosa Clarice Freire, autora do delicioso Pó de Lua. A menina dos
olhos azuis (ou verdes?) tem o dom da palavra, além de muita criatividade. Então, para
resgatar essa coluna com muita leveza, vamos às respostas de Clarice:
>>
Nome / Idade / O que faz? Clarice
Freire / 25 anos / Publicitária
>> Onde nasceu e onde mora? Gostaria de morar em algum outro lugar? Por
quê?
Nasci e moro no Recife. Já morei em outro lugar e teria milhares
de motivos pra querer ficar por lá. As razões são meio óbvias pra todo mundo
que é daqui: o transporte público, a qualidade de vida, a segurança, a
desigualdade e tantas outras coisas que me faziam ficar imensamente triste
quando caminhava sozinha, às 3h da manhã (em Segóvia, na Espanha, onde vivi por
seis meses estudando propaganda), só porque queria andar pela rua, porque
queria respirar um ar fresco e fazia isso sem medo nenhum. Pensava em minha
cidade, onde eu nunca poderia fazer o mesmo sem medo e correr um risco real de
sofrer algum dano e até de não voltar.
O “problema” pra mim é que morria de saudade. É raiz,
cultura, casa e orgulho que eu tenho da minha terrinha. Porque com tudo que ela
tem de problemas, ela tem de acolhedora, de gente boa e aberta, de colorida, de
linda. Sinceramente, eu sou muito feliz aqui e hoje não me vejo em outro lugar.
Recife sou eu e eu gostaria muito que tivéssemos a estrutura e paz que
merecemos aqui, não que precisássemos sair pra isso.
>> Viagem inesquecível:
No tempo em que morei na Espanha aproveitei pra bater muita
perna por aí. Muita mesmo. É difícil escolher uma, mas acho que o lugar é um
dos pontos menos importantes de uma viagem. O que conta é com quem você está,
como você está, o que encontra, o que compartilha. Por isso acho que Marrocos,
com ida ao Deserto do Saara, com 6h de van e 1h30 de camelo pra chegar ao
acampamento nômade, onde dormimos a céu aberto vendo as estrelas – um sonho antigo
meu – foi bastante inesquecível, apesar de nada confortável.
E Paris. Que além de ter certeza que alguma coisa mágica deve
estar voando por ali e ela ser linda de doer no coração, em Paris criei laços
de amizade únicos, comi sentada no chão em parques e tive conversas sobre a
vida com amigos-irmãos queridos, fortalecidos e criados por lá. Isso não tem
preço. Meu amor por Paris sem dúvida é mais que a beleza exorbitante da cidade.
>> O que não pode faltar na mala?
Moleskine e caneta preta! Hahaha quer coisa mais inspiradora pra
escrever que viajar? Não pode faltar óculos de sol também. É um vício.
>> Wishlist viajante:
Ela é infinita porque acho que não tem coisa melhor pra gastar
dinheiro nessa vida do que conhecer o mundo. Mas vou selecionar alguns então:
Viena / Budapeste / Praga / Liverpool / Oxford / Sul da França / Austrália / Japão / Chile / Dublin / Frankfurt / Berlin / NY / Tenho que ir a Disney um dia.
Confesso. / Sul do Brasil
>> Dicas preciosas do seu último destino:
Acabei de passar dois meses em Buenos Aires e também me
apaixonei pela cidade. Apesar do momento difícil, a cidade consegue dar uma
lição em muitas coisas. As dicas que daria pra quem fosse ver por pouco tempo
seria conhecer a feirinha de Palermo.
Tem um pouquinho de tudo mas eu definiria como uma feira de moda com preços
reais. Algumas coisas você encontra bem baratas mas o legal é que tem muita
coisa diferente, cheia de cores e tem de tudo. Sem contar que ao redor dela
ficam inúmeros bares e cafés que você pode sentar, pedir uma jarra de cerveja
(sim, na jarra) e petiscos. Se for um café, peça uma medialuna, mas a
melhor é a do Chungo. Vá no Gelatto
e peça um sorvete sabor Tramontana. É incrível. Outra coisa deliciosa é alugar patins e andar pelos Bosques de
Palermo uma tarde inteira.
Toda quinta-feira, às 14h, as
“Madres de Mayo” vão até a frente da Casa
Rosada protestar pelo desaparecimento dos seus filhos na época da ditadura
militar. É uma experiência forte ver essas mulheres que fazem isso há 35 anos
“sem faltar uma quinta” como me disse uma delas. Converse com uma delas. Entenda o que é uma
dor, sede de justiça e lutar por um ideal.
Ali pertinho fica a Feira
de San Telmo. Deixe pra comprar lembrancinhas lá. Tem tudo e é infinita
também.
Cuidado com os taxistas, eles realmente gostam de enrolar você e dar voltas pela
cidade. Tente mostrar firmeza e procure
levar o endereço (se possível com percurso do Google maps) impresso. Guarde moedas como se fossem diamantes se
você quiser andar de ônibus. Eles só aceitam moedas.
>> Próximo destino:
Ainda não sei! Talvez Rio de Janeiro, mas a família está
pensando em Machu Picchu. Quem sabe? :)
Menina Lua, muito obrigada por dividir aqui no blog um
pouquinho da tua vontade de abraçar a vida. Que você siga doce, talentosa e ganhe o mundo
sempre que desejar!
Ah, caso
vocês tenham um blogueiro do coração e queiram ver esse lado viajante dele por
aqui é só falar: rapha@raphanomundo.com.